Cuidado com as portas de veículos de transportes! Ficou com um braço entalado na porta de um comboio em Barcelos. Caiu à linha e teve de amputar uma parte do pé. Uma utente da CP, Maria Paulina Monteiro da Costa, de 63 anos, pede-lhe, no Tribunal Cível de Braga, 253 mil euros de indemnização – solidariamente com dois ferroviários, a companhia de seguros, e a operadora espanhola RENFE.
O acidente ocorreu a 8 de julho de 2015. O trem parou no apeadeiro de Durrães, Barcelos. A mulher tinha ido às compras a Barroselas. Trazia dois sacos e uma bolsa de mão. As portas abriram-se e ela desceu com um saco. Reentrou para ir buscar os dois restantes.
A porta fechou-se e ela ficou entalada por um braço. A composição arrancou e ela caiu à linha, arrastada. O pé direito acabou debaixo do comboio. Sofreu graves lesões num pé, com amputação parcial. E anda de canadianas, depois de intervenções cirúrgicas.
Na ação, argumenta que o comboio devia ter parado 30 segundos e arrancou ao fim de 21. E esteve com as portas abertas apenas 11 segundos, dado que leva cinco a abrir e outro tanto a fechar. Acresce – diz a passageira – que o revisor “não se colocou corretamente no apeadeiro” para dar sinal ao condutor de que a composição poderia partir e que este a pôs em andamento sem olhar para as portas.
Demanda, também, civilmente, a ferroviária RENFE, que alugara 10 automotoras à CP, por estas não terem um painel de aviso de fecho de portas com uma luz vermelha, como é habitual em carruagens.
Justifica o pedido indemnizatório com o facto de ter ficado 443 dias com a capacidade de trabalho afetada, ter dificuldade em mover-se e ter danos psicossociais.
CP LAMENTA
Contactada, a CP diz que “lamenta profundamente o acidente e as consequentes lesões que a vítima sofreu”.
Diz que o sinistro “surgiu no contexto da tentativa de desembarque da cliente quando o comboio já estava em andamento”.
Adianta que vai contestar o pedido, mas sublinha que, “em função do que vier a ser decidido pelos tribunais, a CP atuará em conformidade”.
Na ocasião, o Revisor e o Maquinista foram alvo de um inquérito-crime que foi arquivado pelo Ministério Público de Barcelos.
Luís Moreira (CP 8078)