A Agência de Energia Atómica iraniana anunciou esta terça-feira que o Irão está pronto para retomar o enriquecimento de urânio no âmbito do seu programa nuclear, 12 dias após o início dos bombardeamentos de Israel contra instalações nucleares iranianas.
” O programa nuclear do Irão será retomado sem interrupção e estamos prontos para reiniciar o enriquecimento – o nosso programa não será interrompido”, disse a agência, segundo informaram os meios de comunicação social iranianos, numa altura em que vigora um frágil cessar-fogo entre Telavive e Teerão.
Por sua vez, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, expressou esta terça-feira satisfação pelo cessar-fogo alcançado entre Israel e o Irão e pediu que se retome a cooperação com o organismo que dirige.
Numa mensagem publicada na rede social X, o diplomata argentino que lidera a agência de vigilância nuclear da ONU afirmou ter escrito ao ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araqchi, a quem propôs uma reunião “para breve”, sublinhando que este passo “pode conduzir a uma solução diplomática para a prolongada controvérsia sobre o programa nuclear”.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou esta terça-feira de madrugada que Israel e o Irão tinham acordado um cessar-fogo, informação que ambos os países confirmaram, embora pouco depois Telavive e Teerão se tenham acusado mutuamente do lançamento de mísseis.
Os inspetores da AIEA verificam e controlam há mais de duas décadas as atividades do programa nuclear iraniano, sem poder garantir até agora a sua natureza pacífica, dada a falta de cooperação e transparência total do Irão, embora Grossi tenha admitido que a agência da ONU não tem provas de que Teerão esteja a desenvolver uma bomba atómica.
Entretanto, em Teerão, o Presidente iraniano indicou ter contactado também esta terça-feira representantes dos Emirados Árabes Unidos (EAU), Qatar e Omã para enviar uma mensagem de tranquilidade após o lançamento de mísseis contra a base norte-americana de Al-Udeid e pedir unidade entre os países árabes face aos ataques de Israel.
Nas conversas, segundo reportou o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, não se falou do cessar-fogo anunciado entre Israel e Irão, mas a República Islâmica reiterou a justificação para responder aos ataques tanto de Israel como dos Estados Unidos e agradeceu o apoio dos países do Golfo.
610 IRANIANOS MORTOS
Entretanto, as autoridades sanitárias iranianas anunciaram que morreram pelo menos 610 pessoas e mais de 4 700 ficaram feridas nos últimos 12 dias, na sequência dos bombardeamentos em diferentes zonas do país.
O porta-voz do Ministério da Saúde do Irão, Hosein Kermanpour, afirmou que 4 746 pessoas ficaram feridas, 971 das quais permanecem hospitalizadas, e que 13 crianças, incluindo uma de dois anos de idade, estavam entre os mortos.