O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, aplaudiu, esta segunda-feira, a decisão de Portugal de reconhecer o Estado da Palestina, considerando-a “um passo importante e necessário” para alcançar “uma paz justa e duradoura, baseada na legitimidade internacional”.
Abbas sustentou que “reconhecer o direito do povo palestiniano à autodeterminação, liberdade e independência abre caminho para a implementação da solução de dois Estados, permitindo ao Estado da Palestina conviver com o Estado de Israel em segurança, paz e boa vizinhança”, segundo a agência de notícias palestiniana WAFA.
O presidente da AP enfatizou que a prioridade atual é alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza, a entrada de ajuda humanitária no enclave, a libertação dos sequestrados durante os ataques de 07 de outubro de 2023 e dos prisioneiros palestinianos, e garantir a retirada total das tropas israelitas do enclave para permitir ao Estado palestiniano “assumir todas as suas responsabilidades”.
“PASSO CORAJOSO”
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Palestina aplaudiu também a decisão de Portugal, que descreveu como “um passo corajoso, consistente com o direito internacional e as resoluções das Nações Unidas”.
“[Esta decisão] encoraja os esforços para alcançar a paz e promover a solução de dois Estados”, explicou o Ministério palestiniano num comunicado publicado na rede social X.
O Ministério expressou a sua gratidão a Portugal por esta medida e reafirmou “a determinação da Palestina em desenvolver relações bilaterais mais fortes e profundas e em melhorar a coordenação conjunta em todas as áreas”.
O chefe da diplomacia palestiniano pediu ainda aos países que não reconheceram ainda o Estado da Palestina que “tomassem esta medida para salvaguardar a solução de dois Estados” e, para tal, pediu que “se empenhassem ativamente nos esforços internacionais que visam alcançar um cessar-fogo imediato, proteger os civis e lançar um processo político genuíno para pôr fim à ocupação e permitir que o povo palestiniano exerça o seu direito à autodeterminação”.
“Estas medidas são essenciais para garantir a segurança, a estabilidade e a prosperidade de todos os Estados e povos da região”, afirmou após o anúncio de Portugal.
“RECOMPENSAR O TERRORISMO”
Portugal, Reino Unido, Canadá e Austrália reconheceram no domingo formalmente o Estado da Palestina, num contexto de crescente pressão diplomática para avançar com uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano, marcado por décadas de impasse nas negociações de paz.
Israel rejeitou o reconhecimento e argumentou que é uma “enorme recompensa ao terrorismo”. Em palavras dirigidas aos líderes ocidentais, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, avisou que não haverá um Estado palestiniano.
Já o movimento islamita Hamas afirmou que o reconhecimento representa “uma vitória” para os direitos dos palestinianos.
A Arábia Saudita e o Qatar saudaram decisão de Portugal e dos outros países em reconhecer o Estado da Palestina no domingo.
A Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e Implementação da Solução de Dois Estados, copresidida pela França e Arábia Saudita, decorre hoje em Nova Iorque, no âmbito da 80º. Assembleia-Geral da ONU, na qual vários países reconhecerão o Estado palestiniano.
Quase 150 países já reconheceram o Estado palestiniano em todo o mundo.