A Resposta de Acolhimento de Emergência para Vítimas de Violência Doméstica, da Cáritas de Braga recebeu, no primeiro semestre deste ano, 109 vítimas de violência doméstica, revelou esta segunda-feira a instituição.
Deste número, 32 dizem respeito a crianças e jovens menores de idade que acompanham as mães vítimas de violência doméstica.
Janeiro, Fevereiro e Maio foram os meses em que o serviço acolheu mais pessoas, contabilizando-se 67 casos só nesses três meses.
“As vítimas acolhidas na resposta de emergência apresentam um grau de vulnerabilidade acrescido, necessitando de um espaço seguro e confidencial para a reorganização do seu projecto de vida”, afirma Raquel Gomes, responsável pelas respostas de apoio à vítima da Instituição.
Além do acolhimento residencial, a Cáritas Braga disponibiliza outros serviços junto das vítimas de violência doméstica, nomeadamente o Espaço Igual | Estrutura de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica, para atendimento e acompanhamento individualizado e personalizado de todas as vítimas que necessitem de apoio.
TIPOS DE APOIOS
No total, 126 vítimas foram acompanhadas durante o primeiro semestre deste ano, resultando em 671 atendimentos de apoio jurídico, psicológico e social.
Raquel Gomes, afirma que “a maioria das vítimas relata ser alvo de várias formas de violência, com uma prevalência significativa da violência física, verbal e psicológica.
No caso das crianças e jovens, a violência psicológica é a mais expressiva, “frequentemente devido à exposição a contextos familiares violentos”, pelo que a Cáritas de Braga disponibiliza uma Resposta de Apoio Psicológico para Crianças e Jovens (RAP), na qual foram acompanhadas 49 crianças e jovens neste primeiro semestre, num total de 264 atendimentos psicológicos realizados.
“Este serviço é fundamental para apoiar as vítimas mais jovens e ajudar a mitigar o impacto da violência experienciada”, sublinha Raquel Gomes.
A responsável destaca ainda que “as vítimas que recorrem ao Espaço Igual tendem a estar cada vez mais informadas sobre os seus direitos, o que leva a uma procura mais imediata dos serviços de apoio. Esta evolução reflecte a crescente capacitação da comunidade para a necessidade de denunciar o crime de violência doméstica.”
Raquel Gomes salienta também a importância do trabalho em rede: “Neste contexto, é essencial o papel das diversas instituições, nomeadamente da justiça, segurança, apoio social e protecção de menores, cujo trabalho conjunto é fundamental para uma intervenção integrada e eficaz no combate e prevenção deste fenómeno.”
SEM FINANCIAMENTO
O primeiro trimestre deste ano foi, contudo, marcado pela ausência de financiamento comunitário, o que colocou desafios significativos ao funcionamento das estruturas de apoio. Perante esta situação, a Cáritas Braga assumiu integralmente o financiamento das respostas, garantindo que nenhuma vítima permanecesse sem o apoio necessário.
Apesar dos desafios, Raquel Gomes reforça a importância de continuar a investir na prevenção da violência e na criação de sociedades mais igualitárias e inclusivas. “A protecção das vítimas exige um apoio cada vez mais especializado, adaptado às suas necessidades específicas, para que possamos responder eficazmente a este fenómeno”.
A Cáritas Braga tem também promovido actividades paralelas focadas no empoderamento das vítimas e na redução dos impactos associados à violência. Além disso, continuam a ser realizadas acções de sensibilização junto da comunidade para aumentar a consciência sobre a violência doméstica e promover a igualdade de género.
Este compromisso, a par dos três serviços disponibilizados actualmente pela Entidade, reafirma a dedicação da Cáritas Braga em combater a violência doméstica e promover a igualdade e segurança de todas as vítimas.