Um dia depois de ter visto confirmado o apoio do partido liderado por Rui Tavares, após consulta interna não vinculativa na qual o dirigente obteve 67% dos votos de militantes, Jorge Pinto apresentou formalmente, este sábado, a sua candidatura a Belém, diretamente da sua cidade natal, Amarante.
Durante o seu discurso, o candidato, de 38 anos, esclareceu que só avançou agora porque foi “fiel” e aguardou por uma candidatura agregadora de esquerda “que não chegou”.
A sua candidatura, frisou, “fazia falta”. É uma candidatura “da esquerda democrática, ecologista, europeísta, regionalista e globalista, uma candidatura feminista, antirracista, defensora intransigente dos direitos humanos, da dignidade e da decência”.
“Porque já cansa, e já cansa mesmo, ter uma agenda que é marcada diariamente por temas e assuntos que dizem pouco aos portugueses e que pouco contribuem para melhorar o seu dia-a-dia”, salientou, garantindo que quer trazer à campanha temas que as pessoas querem ouvir, como o aumento do custo de vida ou a liberdade.
Jorge Pinto garantiu ainda que será sempre “firme e fiel” aos seus ideais: “Sou orgulhosamente de esquerda porque a esquerda não é, nem será, uma gaveta porque é uma janela que nos abre o mundo.”
PRIMEIRA PROMESSA
Num cenário em que o país tem “uma maioria parlamentar de mais de dois terços de direita e extrema-direita, ambos os governos regionais de direita, Lisboa, Porto e Braga também com presidências de direita”, Jorge Pinto realçou esta eleição presidencial “é particularmente importante”.
“Porque nós precisamos de um Presidente da República que seja um contrapeso democrático. Um Presidente da República que tenha a coragem e a clareza de dizer o que fará caso o nosso regime e os alicerces do nosso regime estejam sob ameaça”, frisou.
Formado em Engenharia do Ambiente e doutorado em Filosofia Social e Política, Jorge Pinto deixou a sua “primeira promessa”.
“Se no Parlamento houver a tentação de haver uma revisão drástica da nossa Constituição, feita apenas pela direita e pela extrema-direita, uma revisão drástica que não passou pelas eleições, que não passou pela campanha eleitoral, que não foi discutida com os portugueses, fica aqui a minha promessa: eu voltarei a chamar os portugueses às urnas para que essa discussão tenha lugar e para que os portugueses digam se estão ou não estão confortáveis com uma revisão drástica da nossa Constituição”, garantiu.
Já depois da apresentação, questionado pelos jornalistas sobre uma desunião da esquerda com as várias candidaturas já apresentadas, Jorge Pinto disse que representa “um espaço ideológico que é o da esquerda democrática, o da esquerda que não tem vergonha de ser de esquerda” e que acredita que a “esquerda ainda vai a tempo de passar à segunda volta”.
APOIO DO LIVRE
De acordo com fonte oficial do partido, a decisão foi aprovada na Assembleia do Livre – órgão máximo entre congressos – na noite de sexta-feira, com apenas uma abstenção.
Em comunicado, o Livre salienta que esta decisão foi tomada “após a consulta mais participada de sempre entre membros e apoiantes” do partido, na qual mais de dois terços dos votantes manifestaram apoio à candidatura de Jorge Pinto, enquanto 17,6% preferiam António José Seguro.
“Com este apoio, o Livre reafirma uma vez mais o seu compromisso com uma esquerda livre, democrática e participativa, que defende uma sociedade mais justa, sustentável e solidária”, lê-se no comunicado.
Com TSF e SIC






