O Festival Rock no Rio Febras, que se realiza em Guimarães desde 2022, juntou-se à discussão pública em torno da ação judicial movida pela Louis Vuitton contra os Licores do Vale, um pequeno produtor de licores artesanais de Monção.
Numa publicação humorística e solidária, o festival expressou apoio aos empreendedores André Ferreira e Tânia Afonso, responsáveis pelo logótipo ‘LV – Licores do Vale’, atualmente alvo de litígio por alegada infração de direitos de propriedade intelectual.
A gigante francesa Louis Vuitton argumenta que o registo do logótipo no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) representa um “aproveitamento parasitário do prestígio da marca” e uma forma de “concorrência desleal”. Em resposta, o Festival Rock no Rio Febras, que também enfrentou uma disputa judicial semelhante com os organizadores do Rock in Rio Lisboa, utilizou as redes sociais para manifestar-se sobre o caso.
Na publicação, o festival satirizou a situação, brincando com a improbabilidade de confusão entre licores artesanais e os artigos de luxo da Louis Vuitton.
“Esperamos que, agora que as semelhanças entre os logos foram realçadas por atentos burocratas (e que antes eram, realmente, impossíveis de discernir), todos possamos adquirir os produtos da @_licores_do_vale com confiança redobrada”, afirmou a organização.
O Festival convidou ainda André Ferreira e Tânia Afonso a participarem na sua IV edição, que se realiza em Briteiros nos dias 25 e 26 de julho, sugerindo que levem “um bom carregamento do tão afamado licor”. A publicação terminou com uma nota de solidariedade: “Nós, os alegados concorrentes desleais, temos que ser uns para os outros.”
SOLIDARIEDADE
A ação movida pela Louis Vuitton reacendeu o debate sobre a proteção de marcas e a proporcionalidade das medidas tomadas por grandes empresas contra pequenos negócios locais.
André Ferreira criou o logótipo ‘LV – Licores do Vale’ para identificar os seus produtos artesanais, que incluem licores preparados com receitas tradicionais da região de Monção.
O caso gerou atenção nacional, com muitos a defenderem que a utilização do logótipo não constitui uma ameaça real à marca da multinacional francesa.
O gesto de apoio do Rock no Rio Febras é visto como um exemplo de solidariedade entre pequenos eventos e produtores locais, reforçando a necessidade de diálogo e cooperação em situações semelhantes. A ligação entre as duas polémicas – ambas envolvendo alegações de concorrência desleal – sublinha o desafio enfrentado por iniciativas de menor escala em proteger a sua identidade e trabalho frente a grandes corporações.
O caso continua a ser acompanhado com interesse, enquanto o Festival Rock no Rio Febras se prepara para a sua edição de julho, prometendo ser mais um momento de união e celebração cultural.