O presidente da Associação de Concessionários de Praia e Bares da zona Norte defende a necessidade de garantir a segurança nas praias durante todo o ano, porque o atual modelo de nadadores-salvadores está “desajustado da realidade”.
Em declarações à Lusa, Luís Carvalho defendeu que se justifica um maior “investimento em segurança fora da época balnear”, como já acontece em algumas autarquias, “não só pelas condições climatéricas, como pela fruição das praias e pela prática de desportos no mar durante todo o ano”.
“Com a lei de transferência de competências, as autarquias têm uma responsabilidade cada vez maior na parte de assistência balnear. E já várias autarquias se adaptaram, com equipas permanentes de salvamento balnear. Se calhar é um caminho que todas as autarquias terão de fazer”, observou, a propósito da abertura, este sábado, da época balnear em 127 praias do Norte.
Para Luís Carvalho, “com as alterações climáticas, é que acontecem fenómenos extremos dentro e fora da época balnear”.
“É nesse sentido que as autarquias têm de se adaptar”, disse.
“Cada vez há mais necessidade de haver algum patrulhamento e presença para garantir segurança nas praias durante todo o ano”, frisou.
Isto não invalida que durante o período de férias, que é quando efetivamente há uma afluência permanente de pessoas às praias, haja outra abordagem em termos de segurança das praias.
Quanto ao modelo de segurança balnear vigente, Luís Carvalho alerta que “a grande percentagem dos jovens que executa estas tarefas são estudantes e estão em aulas e exames”.
“Têm sempre uma disponibilidade parcial, não é total. O vínculo principal deles é com a universidade. Se algum estiver com dificuldades nos exames, vai preterir a atividade de nadador-salvador”, observa.
DESAJUSTAMENTO
De acordo com o responsável dos concessionários de praia a Norte, “o paradigma vai ter de mudar em muitos capítulos” e a Federação Portuguesa de Concessionários “tem proposto algumas alterações à lei no sentido de não estar só assente nos estudantes o grande fornecimento de efetivos para assistência balnear”.
A recetividade relativamente a estas propostas “esbarrou um bocadinho com uma distribuição de competências muito grande em termos de tutela”.
“Esperamos, com o novo Governo, atingir nível de conversação maior e alguém que possa coordenar este assunto, porque o atual modelo está desajustado com a realidade”, sublinhou.
Por agora, o Norte opta por ter uma época balnear mais reduzida do que a Sul, abrindo mais tarde e encerrando mais cedo, “porque há pouca presença de pessoas nas praias e porque haveria uma dificuldade maior na contratação de nadadores salvadores”.
Quanto a expectativas de negócio para a época balnear, os concessionários do Norte estão dependentes da meteorologia.
“No ano passado tivemos um verão relativamente fraco devido a uma instabilidade climatérica bastante grande. O negócio nas praias tem muito a ver com o clima. Estamos sempre na expectativa que venha bom tempo, que é isso que realmente faz a diferença em termos de negócio”, disse.
Com Porto Canal