O Governo da Palestina apresentou esta quinta-feira um plano de reconstrução da Faixa de Gaza para os próximos cinco anos, estimado em 57,4 mil milhões de euros, conduzido pelos palestinianos com apoio da comunidade internacional.
“O Governo da Palestina mantém-se firme na determinação de liderar um processo de recuperação e reconstrução que restaure a dignidade e a esperança ao nosso povo”, declarou o primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Mustafa, durante uma reunião com representantes da ONU em Ramallah, na Cisjordânia.
Tendo em conta estimativas internacionais, que apontam para “danos, perdas e necessidades superiores a 67 mil milhões de dólares” (57,4 mil milhões de euros), o plano prevê uma verba nesse valor, equivalente a 57,4 milhões de euros.
O plano contempla três fases: a primeira, de emergência, será focada na recuperação rápida e exigirá 3,5 mil milhões de dólares (2,9 mil milhões de euros), e inclui a remoção de escombros, a restauração de infraestruturas e serviços básicos, alojamento transitório, apoio a pequenas empresas e à agricultura, reativação do sistema bancário, entre outras medidas.
A fase seguinte, com uma duração de três anos, envolverá um processo de reconstrução e recuperação, no valor de 25,7 mil milhões de euros, e a última centrar-se-á exclusivamente na reconstrução do enclave palestiniano.
“Após mais de dois anos de uma guerra devastadora, Gaza sofreu uma destruição completa e deslocamentos maciços, bem como um grande sofrimento”, referiu.
Mustafa declarou que “Gaza será reconstruída como uma parte aberta, conectada e próspera do Estado da Palestina, em conformidade com as resoluções relevantes da ONU e a Declaração de Nova Iorque”, adotada em julho, sobre a solução dos dois Estados.
A recuperação permitirá restaurar “casas, escolas, hospitais e infraestruturas, mas, acima de tudo, a esperança do povo”, além de “fortalecer a governação, capacitar as comunidades e criar resiliência contra choques futuros”, continuou.
O plano surge no seguimento do Plano Árabe para a Recuperação, Reconstrução e Desenvolvimento de Gaza, adotado pela cimeira árabe, em março de 2025, no Cairo.
“O Plano Árabe confirmou o compromisso árabe com a liderança palestiniana e a mobilização de recursos coordenados para a recuperação”, acentuou.
A conferência para a reconstrução de Gaza que o Egito deverá promover um mês após o cessar-fogo — em vigor desde 10 de outubro — “servirá como plataforma central para mobilizar recursos e parcerias internacionais, ao mesmo tempo que reafirma que todos os esforços estão ancorados na propriedade e liderança nacionais palestinianas”, declarou Mohammad Mustafa.
“O Governo da Palestina reafirma que uma governação eficaz em Gaza é um pilar essencial da recuperação e da estabilidade. Sem instituições nacionais fortes e unificadas, os riscos de ineficiência, duplicação e eventual colapso dos serviços básicos seriam perigosamente elevados”, avisou.
O governante palestiniano salientou que “a Palestina já possui sistemas unificados em setores-chave como saúde, educação, água e saneamento, registo de terras e civis, finanças públicas e tributação”, sistemas que “devem ser capacitados e reforçados, e não substituídos por estruturas paralelas ou temporárias que seriam incapazes de sustentar uma prestação de serviços eficaz no terreno”.
“A nossa mensagem à comunidade internacional é clara: a reconstrução de Gaza deve ser liderada pelos palestinianos, apoiada pelos árabes e internacionalmente, garantindo não só a reconstrução de Gaza, mas também a restauração da esperança, dignidade e estabilidade para o seu povo”, concluiu o primeiro-ministro palestiniano.