Centenas de pessoas manifestaram-se este sábado em Lisboa por um cessar-fogo na Faixa de Gaza e pelo reconhecimento por Portugal do Estado da Palestina, sem esperanças no encontro de segunda-feira entre Donald Trump e Benjamin Netanyahu.
O Presidente do Estados Unidos, Donald Trump, vai receber na Casa Branca o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na segunda-feira, num encontro em que deverão debater o conflito em Gaza.
“Infelizmente não tenho esperanças [nesse encontro]. Não sei como é que isto irá terminar, mas tem de terminar e penso que tem de ser o povo a movimentar-se como tem feito pelo mundo inteiro”, disse à Lusa Maria do Ceú Guitart, de 66 anos, presidente da associação ‘Meninos de Oiro’ e uma das participantes na marcha ‘Paz no Médio Oriente! Fim ao Genocídio!’ que decorreu entre o Largo Camões e a Ribeira das Naus, no centro de Lisboa.
Para Bruna Drummond, outra dos manifestantes, os Estados Unidos “são cúmplices” do que está a acontecer na Palestina e encontros como o que irá acontecer são ações de ambos os países “para fingir” que buscam a paz.
“O que eu espero é que outros países, incluindo a União Europeia, peçam um cessar-fogo, peçam um embargo de armas e que façam acontecer a lei internacional”, sublinhou, de bandeira da Palestina na mão, a mulher de 33 anos.
O ceticismo quanto ao encontro entre Donald Trump e Benjamin Netanyahu é partilhado pela organização da manifestação, uma iniciativa do Conselho Português para a Paz e a para a Cooperação, da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP-IN), do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente e a associação Projeto Ruído.
“A expectativa é só de aumentar a violência. Nós sabemos qual é a posição dos Estados Unidos, que têm dado todo o respaldo a Israel para fazer aquilo que está a fazer neste momento”, afirmou, em declarações à Lusa, João Coelho, membro da comissão executiva da CGTP-IN.
PORTUGAL NA “LISTA DA VERGONHA”
Na manifestação, constatou a Lusa no local, participaram entre 400 e 500 pessoas de todas as idades, incluindo famílias com bebés de colo e adolescentes que juntaram ao protesto pela primeira vez, como João, de 14 anos.
“A voz faz-se nas ruas e acho que é uma causa a que toda a gente deveria aderir”, afirmou o jovem, ladeado por Bruno, de 15 anos, membro da Juventude Comunista Portuguesa e presença assídua “para apoiar a Palestina” contra “o genocídio” de que o seu povo está a ser alvo por Israel.
Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, associou-se igualmente à marcha, aplaudindo os manifestantes e apelando, em declarações aos jornalistas, que “o cenário de tréguas” que tem sido pré-anunciado se concretize.
O dirigente comunista criticou ainda o Governo por não ter já reconhecido o Estado da Palestina.
“O Estado português está num caminho em que não consegue sair da lista cada vez mais curta, que é a lista da vergonha, dos países que não deram esse passo”, frisou.
A organização agendou para 11 de julho uma nova manifestação, em frente à Assembleia da República.
O conflito na Faixa de Gaza foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, que fizeram cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de duas centenas de reféns.
Com DN