O Ministério Público acusou de homicídio qualificado e sequestro agravado dois agentes da PSP de Olhão, que terão matado à pancada um imigrante de 30 anos, num local ermo do Algarve. Os agentes estão acusados de terem sequestrado a vítima, com outro compatriota, num carro de patrulha, em março passado.
De acordo com a acusação a que o JN teve acesso, no dia do crime, os agentes da PSP foram chamados perto das 16h00 para uma mercearia em Olhão onde os dois cidadãos marroquinos causavam distúrbios. Nessa altura, levaram-nos para a esquadra, para os identificar, e libertaram-nos. Mais tarde, voltaram a ser chamados para novos distúrbios.
Às 20h30 horas, os mesmos agentes da PSP deslocaram-se a outro supermercado da cidade de Olhão, onde os dois marroquinos tinham aberto produtos e consumido sem pagar. A proprietária identificou os dois suspeitos, que já não se encontravam no local, através de fotografias. A dona não quis apresentar queixa.
AGREDIDO NA CABEÇA
De acordo com o MP, os dois agentes nada deveriam ter feito, visto que não estavam em causa qualquer crime de natureza pública. Ainda assim localizaram os dois homens nas imediações do supermercado.
Os dois suspeitos foram algemados e colocados num carro de patrulha, com destino a um local ermo na localidade do Pechão.
Para o MP, devia ter sido elaborado um expediente pelos agentes que deveriam ter conduzido os suspeitos à esquadra. Na viatura policial, um dos homens adormeceu e foi retirado do carro e abandonado num caminho rural.
Ainda de acordo com o processo agora divulgado pelo JN, Aissa Ait Aissa foi levado para um sítio ermo e sovado na cabeça com um objeto contundente, que o MP não especifica.
Os dois agentes, de acordo com a acusação do MP, desferiram várias pancadas na cabeça e face de Aissa Ait Aissa, que não se conseguiu defender uma vez que se encontrava algemado com as mãos atrás das costas. Aissa Ait Aissa viria a morrer a 28 de março, depois de ter estado internado nos cuidados intensivos no Hospital de Faro.
AGENTES SUSPENSOS
A vítima mortal, Aissa Ait Aissa, de 30 anos, estava em Portugal há cerca de dois anos, trabalhava no Algarve e era o sustento da família em Marrocos, para onde enviava dinheiro todos os meses.
Tinha o processo de regularização em território nacional em curso.
Os agentes da PSP de Olhão, de 47 e 55 anos, que se encontram suspensos de funções, foram acusados pelo MP de Faro pelo ocorrido a 9 de março de 2025.