Emigrantes de Braga e Guimarães na ilha de S. Bartolomeu, nas Caraíbas, fretaram um avião de uma companhia privada para regressar ao Porto, este sábado, em voo directo, depois da TAP ter apresentado um preço incomportável para os 238 adultos e três bebés que fizeram a viagem.
Ao JN, que avança a notícia, a bracarense Cristina Carvalho, a trabalhar há dez anos nas Antilhas francesas, diz estar “muito satisfeita” por efectuar o percurso entre as Caraíbas e o Aeroporto Francisco Sá Carneiro pela primeira vez sem escalas. “Assim a viagem foi mais rápida. Foram oito horas de voo que antes, com escalas em Amesterdão ou em Paris, demorava o dobro”.
Já Daniel Correia confessa que o voo “foi muito complicado porque tivemos sempre de cumprir, durante todo o percurso da viagem, as normas de prevenção da covid-19”.
“É tudo gente do Minho, de Braga e Guimarães, mas também do Marco de Canaveses e de Baião”, conta ao jornal Luís Ferreira, gerente da Essenci Travel, e que juntamente com o cônsul conseguiu fretar um avião charter da companhia aérea privada Hi Fly, que costuma transportar a equipa do F. C. Porto nas suas deslocações.
REGRESSO EM VOO DIRECTO
A opção por um voo privado e directo surge depois da companhia aérea portuguesa TAP ter “praticamente recusado fazer o serviço por apresentar um preço demasiado elevado”.
“Contactamos a empresa [TAP] por três vezes e ficamos com a sensação de que não queriam fazer o serviço porque após cada contacto o custo do voo aumentava. Optamos por recorrer, contra a vontade dos emigrantes que queriam uma companhia de bandeira, a uma empresa privada e iniciar este processo que não foi fácil pois há sempre uma série de dificuldades a ultrapassar”, diz o cônsul Albino Neiva Silva , que preferia que fosse a TAP a fazer o transporte.
Fonte da empresa da TAP explicou ao JN que “fazer a ligação daquela ilha a Portugal está fora de questão por razões comerciais”. “É impossível voar para todos os locais onde há portugueses”, acrescenta a mesma fonte, esclarecendo que o procedimento normal da empresa nestes casos é apresentar o valor do custo, “o que terá sido feito, mas terá sido recusado”.
Segundo o JN, serviço da Hi Fly continuará a ser requisitado, até porque quase metade da população da ilha francesa de S. Bartolomeu são emigrantes portugueses.
Todos regressam às Caraíbas no dia 31 de Agosto. Apesar de ninguém referir preços, afirmam que valeu a pena a viagem directa até ao Porto e que estes voos da Hi Fly são retomados no Natal e na Páscoa, assim como no Verão do próximo ano.
Num curto espaço de 24 quilómetros quadrados vivem cerca de 2.750 nortenhos e que, numa ilha sem aeroporto, tiveram esta sexta-feira de iniciar a viagem de barco até à ilha vizinha de S. Martinho (Saint Maarten), pertencente à Holanda.
Os portugueses passaram a emigrar para as Caraíbas há pouco mais de 20 anos, trabalhando essencialmente nas áreas da construção civil e do turismo.
Nos últimos anos, no entanto, começaram a emigrar para a ilha, território pertencente à França, jovens com formação superior em enfermagem e arquitectura.
Nas contagens mais recentes, S. Bartolomeu tinha 9.279 habitantes, sendo que a maioria são cidadãos franceses.