O secretário-geral do Eixo Atlântico, Xoan Mão, considerou esta quinta-feira não existirem motivos que justifiquem um novo encerramento de fronteiras entre Portugal e Espanha, defendendo antes um reforço das medidas preventivas da doença de covid-19.
A posição do Eixo Atlântico, presidido pelo presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, surge no mesmo dia em que o director do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) do Rio Minho, Fernando Nogueira, se mostrou contrário a um novo encerramento de fronteiras entre Portugal e Espanha que “não resolve” a propagação do novo coronavírus adiantando que “há outras formas mais eficazes para conter e suster a propagação do novo coronavírus”.
Também esta quinta-feira, as autoridades de saúde da Galiza indicavam cinco mortos (701), 224 novos casos de infecção (21.071) pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas e 4.306 casos activos em toda a região, dos quais 1.236 casos na Corunha. Nas últimas 24 horas, Espanha contabilizou 11.193 novos casos, elevando para 614.360 o número total. Trata-se de um aumento exponencial face aos números registados em Junho. Já em Portugal, a DGS reportava mais 10 mortos (1.878) e 707 novos doentes (65.626).
É neste contexto que Xoan Mão afirma que não considerar que “a situação actual da pandemia de covid-19 nos dois países justifique o encerramento de fronteiras”.
“Há um aumento do número de casos de infecção nos dois países, mas não está a pôr em risco os hospitais, nem as Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). Por outro lado, também não está a registar-se um aumento do número de mortes como aconteceu durante o período de confinamento, quando foram repostas as fronteiras”, afirmou o responsável.
Em declarações à agência Lusa, a propósito de uma eventual nova limitação à mobilidade entre os dois países, no âmbito da avaliação à evolução da covid-19-19 que os governos dos dois países vão fazer nos próximos dias, o secretário-geral da associação transfronteiriça explicou que a evolução da doença na Galiza “está a ser vivida com normalidade” e adiantou “não estar em cima da mesa novo confinamento”.
“Tanto quanto sei, em Portugal esse cenário também não está em cima da mesa. A subida do número de casos da doença está relacionada com o período de férias, mas a situação sanitária está longe de ser aquela que motivou o confinamento em Março”, reforçou.
Xoan Mao defendeu a necessidade de “serem reforçadas as medidas de prevenção da doença”, à semelhança de Fernando Nogueira.
“Há que reforçar e muito as medidas de prevenção, que foram um pouco esquecidas durante o período de férias, mas não vejo motivos para novo encerramento das fronteiras. Se isso acontecesse seria um autêntico desastre financeiro”, reforçou.
Na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros português afirmou que vai abordar a evolução da pandemia de covid-19 em Portugal e Espanha com a homóloga espanhola na sexta-feira, destacando o trabalho “de forma muito coordenada” entre os dois países.
O encontro Augusto Santos Silva e Arancha González Laya realiza-se esta sexta-feira, e em 2 de Outubro acontece uma cimeira bilateral, onde também serão trocadas informações sobre a evolução da pandemia e das medidas que estão a ser tomadas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros acrescentou que tem havido um trabalho de “forma muito coordenada com as autoridades espanholas”, exemplificando que a fronteira entre Portugal e Espanha esteve encerrada, entre 16 de Março e 30 de Junho, “por decisão conjunta dos dois Estados”.
Questionado sobre a necessidade de uma eventual nova limitação à mobilidade entre os dois países, depois de as autoridades espanholas terem anunciado, na segunda-feira, 27.404 novos casos desde sexta-feira, Augusto Santos Silva sublinhou que as decisões recaem sobre os ministros da Administração Interna de Portugal e do Interior de Espanha.