Os cerca de 76 mil euros gastos pela Câmara de Braga na remodelação do gabinete de Ricardo Rio continuam a gerar polémica. Depois da Cidadania em Movimento (CEM) ter em declarações à Rádio Universitária (RUM) afirmado que a despesa efectuada no gabinete do autarca “deita por terra” o discurso do “rigor” e da “sobriedade”, agora é o a ‘concelhia’ bracarense do Bloco de Esquerda (BE) a considerar “indecoroso” que o presidente da autarquia “ache normal” a gastar “em cortinas, papel de parede e mobiliário em ébano” o que custa um apartamento T2 na cidade.
A verba (62 mil euros + 23% de IVA), contractualizada, por ajuste directo, com à empresa de Braga Casa do Passadiço, é – afirmam os bloquistas – “ética e moralmente reprovável num momento em que muitas famílias bracarenses atravessam grandes dificuldades económicas fruto da desastrosa política anti-social do anterior governo de direita, apoiado por Ricardo Rio”.
O BE vai mais longe ao considerar “indecoroso” que Rio “esbanje” com o seu gabinete “o mesmo dinheiro que custa um apartamento de tipologia T2 na cidade de Braga, quando mantém um Estaleiro Municipal com condições degradantes, recusando fazer as obras que garantam o mínimo de dignidade a quem lá trabalha”.
“O Bloco de Esquerda considera que o valor gasto nesta remodelação é mais uma machadada na credibilidade de Ricardo Rio, que de forma continuada vem fazendo propaganda do seu rigor na gestão dos recursos municipais mas acha natural gastar milhares de euros em cortinas, papel de parede e mobiliário em ébano”, atira a coordenadora concelhia bloquista.
Paula Nogueira foi a primeira a reagir ao custo da remodelação do gabinete ‘presidencial’. Em entrevista à RUM, a deputada na Assembleia Municipal pela CEM também refere que o investimento no gabinete de Ricardo Rio “deita por terra” o “discurso do rigor, da sobriedade, de alguém que diz que não tem dinheiro para muita coisa, que se gaba de uma gestão municipal rigorosa e que, em 2014, falou numa situação de descalabro financeiro no município”.
“35 a 40 mil euros já daria para uma remodelação jeitosa”, diz Paula Nogueira na entrevista à ‘Universitária’.
Rio explica-se
Também à RUM, Ricardo Rio frisa que a remodelação foi efectuada “sem qualquer tipo de opulência, não se gastou desmesuradamente, gastou-se o que tinha de ser gasto em função do que havia para ser feito”.
Rio aproveita para explicar que o espaço “há vários anos que não tinha intervenção”, apresentando funções “obsoletas e pouco funcionais”. “Mais do que questões de natureza estética, estamos a falar de questões de funcionalidade e dignidade que estavam a ficar em causa”, sublinha o autarca.
Lista, a que a RUM teve acesso, do material que faz parte do caderno de encargos e que perfaz um total de 62 mil euros (valor sem IVA), em anexo.
Fernando Gualtieri (CP 1200)