A associação portuguesa de empresas de animação turística defendeu esta quinta-feira uma linha de apoio permanente para os negócios afetados pelos incêndios, e um trabalho de prevenção conjunto entre as entidades gestoras do território e quem trabalha no terreno. Diz estar “profundamente preocupada” com impacto dos fogos no turismo, nomeadamente em Ponte da Barca e Gerês.
“Estamos em contacto com a Secretaria de Estado do Turismo e com o Turismo de Portugal para perceber a viabilidade de uma linha de apoio a microempresas para este tipo de emergência, à semelhança do que foi feito quando houve um grande incêndio na Serra da Estrela ou durante a [pandemia de] covid-19. Isto é algo que deve existir permanentemente, porque com as alterações climáticas já percebemos que o que está em causa é Portugal inteiro”, revelou à Lusa António Marques Vidal, presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos (APECATE).
O responsável falava a propósito dos fogos que têm afetado Portugal continental nos últimos dias, alertando que, no Interior do país, “90% das empresas de animação turística oferecem o produto natureza” e, quando há um incêndio, “o seu campo de atuação deixa de existir”.
“Todas as empresas são afetadas, tal como outro negócio: o alojamento local. Estas microempresas sofrem muito mais do que um destino com mais procura”, observou.
O presidente da APECATE disse que as empresas “estão preocupadas” com a atual situação, assinalando que, “quando se fala de prejuízos, se esquece sempre este setor”.
“Todos temos de pensar de maneira diferente em relação aos incêndios. As empresas de animação turística deviam ver reconhecido o seu papel na prevenção dos fogos. São ótimos parceiros das entidades que gerem o território e há aqui uma necessidade de estreitar relações e potenciar oportunidades de trabalhar em conjunto”, defendeu.
CASO DO GERÊS
António Marques Vidal sublinhou que “há muito tempo que a associação tem alertado que, no Gerês, é necessário este trabalho conjunto”, mas “ainda há pouca comunicação de todas as entidades que gerem o território, e que são muitas”.
O responsável esclarece que a associação tem procurado dialogar com o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e as 308 autarquias.
“As entidades oficiais ainda comunicam pouco com a sociedade civil. Não há colaboração com as entidades no terreno. Mas tem de ser mesmo um trabalho conjunto. Não basta ouvir. As empresas e associações no terreno podem ser uma mais-valia na prevenção”, frisou.
“PROFUNDA PREOCUPAÇÃO”
Em comunicado, a APECATE e a ALEP – Associação do Alojamento Local em Portugal manifestaram “profunda preocupação” com os impactos dos incêndios em várias regiões do país, que afetam “gravemente a atividade de empresas do setor da animação turística, dos eventos, alojamento e do turismo em geral”.
“Os incêndios em áreas como Ponte da Barca, Arouca, Nisa, Santarém, entre outras, estão a comprometer diretamente o funcionamento de atividades turísticas em contexto natural, levando ao cancelamento de programas, encerramento temporário de percursos, áreas protegidas e equipamentos, bem como afetar as perspetivas futuras”, observam.
Muitas das empresas associadas das duas associações “operam nessas zonas de elevado valor ambiental e paisagístico” e enfrentam “mais um cenário de incerteza e perda de rendimentos, num momento particularmente sensível do calendário turístico nacional, colocando em causa a sua viabilidade e a própria sustentabilidade dos destinos turísticos afetados, em particular do interior”.
As duas associações apelam, por isso, “à rápida ativação de medidas de apoio específicas para as empresas do setor, designadamente apoio à tesouraria e linhas de crédito em condições especiais”, reforçando “a necessidade urgente de políticas de prevenção ativa, de gestão florestal integrada e de articulação eficaz entre as entidades responsáveis pelo ordenamento do território, ambiente, turismo e proteção civil”.
Com Porto Canal