A deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício integram a Flotilha Humanitária que partirá esta semana para Gaza, visando entregar ajuda à população e romper o cerco israelita.
Em declarações aos microfones da TSF esta terça-feira, Miguel Duarte revela que vão partir dezenas de barcos, numa ação sem precedentes.
“É uma ação humanitária sem precedentes. Nunca houve uma flotilha tão grande. Já houve flotilhas ao longo das últimas décadas, na verdade, com este preciso objetivo de desafiar o bloqueio marítimo ilegal que Israel tem mantido sobre a população de Gaza, mas nunca houve uma flotilha tão grande. Vão sair dezenas de barcos, centenas de pessoas de mais de 40 países com o objetivo de entregar ajuda humanitária à população palestiniana de Gaza. Temos dezenas de navios cheios com tudo, principalmente comida e medicamentos. É pouco certamente e é bastante simbólico, mas levamos o que conseguimos”, explica à TSF Miguel Duarte.
Segundo afirmou esta terça-feira a organização, a Flotilha Humanitária integra ativistas e voluntários de vários países, em dezenas de embarcações provenientes de diversos portos no mar Mediterrâneo, “numa ação não violenta que pretende demonstrar que a sociedade civil se recusa a sucumbir ao silêncio perante o genocídio em curso em Gaza”.
PARTICIPAÇÃO INTERNACIONAL
A Global Sumud Flotilha associa coordenadores, organizadores e participantes da Flotilha da Liberdade, da Flotilha Sumud do Magrebe, do comboio Sumud Nusantara e do Movimento Global Para Gaza, bem como de outras organizações internacionais. Outro navio da Frota da Liberdade, o Handala, também foi intercetado pelo exército israelita em 27 de julho.
A jornada, pelo mar Mediterrâneo, deverá demorar perto de duas semanas, sem haver uma garantia de que chegam ao destino, como aconteceu com outras flotilhas que tentaram chega a Gaza e foram impedidas por Israel. Miguel Duarte garante que estão preparados para essa possibilidade.
“É para isso que tentamos chamar a atenção do máximo número de pessoas, para que haja o máximo número de olhos postos sobre as ações do Governo israelita e também para que haja pressão dos nossos próprios governos, para garantir que não só nós conseguimos chegar a Gaza com segurança, mas que esta ajuda humanitária tão urgente consiga também chegar a Gaza em segurança”, sublinha.
COMPROMISSO
O ativista frisa que a viagem pretende também ser um alerta, pedindo às pessoas que estejam atentas à viagem e à luta dos palestinianos. “A mensagem principal que queremos deixar às pessoas é: envolvam-se, estejam atentos não só ao que se vai passar com a flotilha, mas também ao que se passa em Gaza. Não deixemos de falar sobre isto, apoiem as mobilizações que vão acontecer, vão às manifestações, estejam atentos nas redes sociais às nossas movimentações e, principalmente, às ações dos governos, nomeadamente do Estado israelita, quando a ajuda humanitária estiver para chegar a Gaza”.
A organização defende que os navios que participam na missão têm o direito à liberdade de navegação e à passagem humanitária, ao abrigo do direito internacional, estando os participantes protegidos pela Convenção de Genebra.
Atendendo ao “historial de intervenções anteriores das forças israelitas contra este tipo de ações humanitárias, a delegação portuguesa deu conhecimento desta missão ao ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português”.
“O cerco marítimo a Gaza é ilegal. A entrega de ajuda humanitária é um imperativo moral”, afirmam.