A presidente da Câmara de Vila Verde, Júlia Fernandes, disse esta segunda-feira que “a maioria das ignições” verificadas no concelho ocorrem em período noturno, “havendo por isso uma intencionalidade clara de provocar incêndios florestais”.
Segundo a autarca, o município tem solicitado à GNR e à Polícia Judiciária “vigilância apertada” e contribuído com “informações recolhidas nos locais das ignições, que possam permitir a identificação dos presumíveis incendiários”.
“À exceção do incêndio que ocorreu em Gomide, que devido à orografia do terreno, com temperaturas muito elevadas e com a existência de mais três ignições em simultâneo (…) os restantes foram prontamente dominados, não consumindo grandes extensões da nossa floresta”, afirmou a autarca durante a reunião de Câmara desta segunda-feira, em resposta a uma interpelação do vereador independente Fernando Feitor.
Para Feitor, “a prevenção dos incêndios florestais deve ser encarada como uma prioridade estratégica a ser implementada durante os períodos de menor risco – outono, inverno e primavera – não restrita apenas à atuação no verão, quando a situação já se encontra agravada”.
“A gestão e limpeza sistemática dos matagais são medidas essenciais para mitigar a propagação do fogo, protegendo o território e as comunidades”, disse o vereador independente, para quem “é imperativo que seja adotada uma política contínua e rigorosa de prevenção, que inclua a manutenção regular das áreas de maior vulnerabilidade, bem como o reforço da infraestrutura hidráulica destinada ao combate aéreo, nomeadamente através da instalação de pontos adicionais de captação de água para helicópteros”.
“Todavia, verifica-se que estas ações fundamentais não têm sido executadas com a devida eficácia”, apontou.
Na resposta, Júlia Fernandes garantiu que o trabalho da equipa afeta à Proteção Civil e ao gabinete técnico florestal “funciona todo o ano num trabalho de articulação com todas as entidades envolvidas” e salientou que “este ano tem sido particularmente difícil dado o período extremamente longo de temperaturas muito elevadas, sem humidade e com um elevado número de ignições em todo o território concelhio”.
“A limpeza das matas é da responsabilidade dos seus proprietários que, de acordo com a lei, o devem fazer num período específico para tal”, lembrou a autarca, reiterando a ideia de que “as equipas de Proteção Civil estão constantemente no terreno”.
“O trabalho de prevenção é feito ao longo de todo o ano, existem câmaras de vigilância, nomeadamente no monte do Oural e em outras áreas mais sensíveis, para garantir que todo o território concelhio está coberto e protegido e todos os pontos de água estão operacionais”, vincou.
USO DE ÁGUA
Fernando Feitor disse ainda que “a utilização da água da rede pública pelos serviços de emergência para o combate aos incêndios, provocando a rutura do abastecimento às populações durante vários dias, é uma situação que não pode ser tolerada”.
“A água tratada, para além do seu elevado custo, deve ser preservada para consumo humano e usos essenciais, pelo que esta prática deve ser urgentemente revista e corrigida. Deste modo, apela-se à implementação imediata de medidas estruturais e permanentes que garantam a prevenção eficaz dos incêndios florestais, assegurando a proteção da população, do património ambiental e dos recursos públicos”, afirmou o vereador independente.
Quanto à questão da utilização da água, Júlia Fernandes respondeu dizendo que concorda que a água para consumo humano “deve ser usada de forma criteriosa e moderada, especialmente nesta altura do ano”. “Mas percebemos que quando estão vidas em perigo e casas em risco, todos os meios são necessários para este auxílio”, concluiu.