O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo acusou esta segunda-feira André Ventura de ter entrado “num corrupio de xenofobismo e racismo” que faz lembrar o sistema hitleriano, que usou os judeus como um bode expiatório.
“O doutor André Ventura entrou num corrupio de xenofobismo e de racismo, porque é essa a palavra certa, que mostra a tal intolerância que a democracia não deve tolerar”, afirmou o candidato presidencial, que falava à agência Lusa no final de uma visita à Associação Académica de Coimbra (AAC).
Para Gouveia e Melo, é possível não concordar com uma imigração de “portas escancaradas” – com a qual também não concorda – sem se definir “pela cor ou pelos trajes quem são as pessoas que devem ficar em Portugal ou não”.
Questionado sobre cartazes de André Ventura dirigidos a comunidades específicas do Bangladesh e de etnia cigana, o candidato presidencial considerou que esse tipo de comunicação “é racismo puro e duro”.
“Faz-me lembrar o sistema hitleriano que arranjou um bode expiatório que era os judeus, na altura. E agora estamos a tentar arranjar em Portugal outro bode expiatório. Os portugueses misturaram-se com todos os povos do mundo, navegaram por todo o mundo, é um povo que tem mundo, é um povo que tem perto de metade da sua população emigrada noutros países. Portanto, é preciso um bocado de bom senso no que nós dizemos sobre determinado tipo de matéria”, vincou.
FALSIDADES
O candidato presidencial acusou ainda André Ventura de espalhar desinformação e pôr na sua boca “falsidades” sobre a lei de estrangeiros, disseminando-as depois nas redes sociais, “criando uma ideia que não corresponde à verdade”.
“Até chegou a ser ofensivo a dizer que se eu quisesse ser presidente, que fosse presidente lá para o Hindustão. Eu não reconheço no doutor André Ventura nenhum tipo de patriotismo superior ao meu. Eu estive na linha da frente diversas vezes em risco de vida e, portanto, não recebo recados de um senhor que nunca serviu, enquanto militar ou bombeiro”, disse.
Henrique Gouveia e Melo fez também referência à posição de Ventura que defendeu “três Salazares” para o país, questionando se o líder do Chega pretende voltar “aos índices de pobreza que existiam no tempo da ditadura” ou retirar a liberdade aos cidadãos.
O candidato presidencial considerou que há “um jogo antidemocrático que se começa a instalar” como se fosse normal, quando não o pode ser.
“A democracia, que é a tolerância, não pode permitir a intolerância. Porque a intolerância subverte a democracia com perigo para a própria democracia”, disse, aconselhando André Ventura “a fazer o jogo democrático”.
Sobre a acusação também feita pelo líder do Chega de que se estaria a aproximar do PS e do Bloco de Esquerda, Gouveia e Melo entendeu que se Ventura fosse “um bocado mais velho” poderia “compreender o papel do doutor Mário Soares na fixação da democracia em Portugal”.
“Se calhar, ele não gosta do doutor Mário Soares, porque não é verdadeiramente democrático”, disse.






