Ultrapassado o veto da Eslováquia, a Kaja Kallas anunciou esta quinta-feira a aprovação do 19.º pacote de sanções à Rússia. O anúncio partiu de Kaja Kallas, a alta representante para a Política Externa e a Política de Segurança. Trump anunciou também novas sanções.
“Acabámos de adotar o nosso 19.º pacote de sanções, que atinge bancos russos, bolsas de criptomoedas, entidades na Índia e na China, entre outros. A UE está a restringir os movimentos dos diplomatas russos para combater as tentativas de desestabilização”, adiantou na rede social X a chefe da diplomacia da União, acrescentando que o bloco está também a avançar para a proibição do gás natural liquefeito russo.
A adoção deste pacote foi possível depois de a Eslováquia ter levantado o veto relativo às importações energéticas.
“É cada vez mais difícil para Putin financiar esta guerra”, acentuou Kaja Kallas.
Este novo pacote de sanções contra a Rússia inclui um bloqueio total das importações de GNL russo a partir de 1 de janeiro de 2027, mais restrições financeiras que impeçam transações com bancos russos e instituições em países terceiros e ainda medidas contra os sistemas de pagamento russos.
“Esta é uma mensagem muito forte para a Rússia. Afirmámos reiteradamente que apoiaremos a Ucrânia durante todo o tempo que for necessário e fazendo o que for preciso. Agora, concretizámos este compromisso”, disse António Costa, presidente do Conselho Europeu.
Já a presidente da Comissão Europeia considerou que, com a aprovação dos 27 Estados-membros (no Conselho), a UE “continua a exercer forte pressão sobre o agressor”.
“Pela primeira vez, estamos a atingir o setor do gás da Rússia, o coração da sua economia de guerra. Não cederemos até que o povo da Ucrânia tenha uma paz justa e duradoura”, escreveu pela sua vez Ursula von der Leyen nas redes sociais.
O pacote visa também a ‘frota fantasma’ russa – que já conta com mais de 118 navios sancionados – e impõe limites à exportação de tecnologias sensíveis, como inteligência artificial, dados geoespaciais e componentes metálicos críticos.
Além disso, empresas da China, da Índia e de outros países que apoiem a indústria militar russa também foram incluídas nas sanções.
“MENSAGEM FORTE”
Na manhã desta quinta-feira, o presidente ucraniano reagiu às sanções anunciadas pelos Estados Unidos e pela União Europeia dizendo que são “muito importantes”.
“Estávamos à espera disto. Esperemos que funcione; é muito importante”, disse ao chegar a Bruxelas para uma cimeira europeia.
Acompanhado por António Costa, Volodymyr Zelensky acrescentou, em declarações aos jornalistas em Bruxelas, que é possível alcançar um cessar-fogo na Ucrânia, mas que é necessária mais pressão sobre Moscovo para que isso acontecesse.
O presidente ucraniano também agradeceu ao presidente norte-americano na rede social X.
“Esta é uma mensagem forte e necessária de que a agressão não ficará sem resposta”, escreveu.
SANÇÕES DOS EUA
Antes de ser conhecido o novo pacote de sanções europeias, a Administração norte-americana anunciou que vai sancionar dois grandes grupos petrolíferos russos, Rosneft e Lukoil.
Washington justifica as novas sanções com a “recusa de Putin em parar esta guerra insensata” contra a Ucrânia, segundo um comunicado divulgado na quarta-feira.
As sanções contra a Rosneft e a Lukoil, assim como dezenas de subsidiárias, seguiram meses de pressão bipartidária sobre o presidente Donald Trump para sancionar a Rússia de forma mais rigorosa no seu setor petrolífero.
“Agora é o momento de parar o derramamento de sangue e de estabelecer um cessar-fogo imediato”, disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent, num comunicado.
Pouco depois do anúncio, Trump assumiu que espera que estas sanções contra duas grandes companhias petrolíferas russas sejam de curta duração, porque deseja, de facto, um fim próximo para a guerra na Ucrânia.
“São sanções enormes (…). E esperamos que não durem demasiado tempo. Esperamos que se ponha termo à guerra”, afirmou o presidente norte-americano ao receber o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, no Salão Oval da Casa Branca.
“Sempre que falo com Vladimir, temos boas conversas, mas depois não dão em nada”.
REAÇÃO RUSSA
Já a Rússia considerou as sanções dos EUA “extremamente contraproducentes”, do ponto de vista de alcançar a paz na Ucrânia.
De acordo com o Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, os objetivos russos na Ucrânia permanecem inalterados e as causas do conflito têm de ser resolvidas.
E relativamente às sanções europeias, o Kremlin referiu que vão afetar principalmente os Estados-membros, que não aceitam que as sanções anteriores à Rússia não estejam a funcionar.
Com RTP e Agências