Cerca de 90 estudantes da licenciatura e do mestrado em Engenharia Aeroespacial da Universidade do Minho realizam o seu batismo de voo, este sábado, no aeródromo do Alto Minho (Cerval), em Vila Nova de Cerveira. No hangar estão já vários ultraleves prontos para sobrevoar as margens do rio Minho, com o apoio de pilotos e engenheiros.
Neste Programa de Adaptação ao Meio Aéreo, os estudantes “dão asas ao sonho e testam a nível prático o que aprenderam na teoria”, resume o diretor de ambos os cursos, Gustavo Dias.
Os alunos, na maioria do 1º ano, vão ainda interagir com os profissionais do aeródromo para projetos em curso nas aulas. Por exemplo, na licenciatura – que tem a segunda nota mínima de entrada mais alta do país (19.14 valores) –, uma das disciplinas exigiu criar em 2024 um planador com materiais em fim de vida em parceria com empresas locais, além de se aplicar noções de mecânica e eletrónica.
LANÇAMENTO DE MINIFOGUETES
Este ano, foi preciso construir nesse âmbito um minifoguete de 1.5 metros, com tempo de voo até cinco minutos e aterragem por paraquedas. A turma dividiu-se em seis grupos e os seus seis pequenos rockets vão ser lançados precisamente no sábado, às 16h00, no Cerval.
Uma sunset party encerra o ano letivo e um dia longo. É que a agenda dos alunos no aeródromo inclui também, nessa manhã, workshops de engenharia geoespacial, gestão de acidentes, mecânica e demonstrações de voo livre. As intervenções cabem ao professor João Sousa (Colégio Geoespacial da Ordem dos Engenheiros), ao general Santos Senra Pérez (Força Aérea Espanhola), ao piloto Daniel Lopes (Asas de Pombal) e ao perito Pedro Perez (TMA).
CERVAL, LOCAL HISTÓRICO
A iniciativa tem apoio do Núcleo de Estudantes de Engenharia Aeroespacial da UMinho e do Aeroclube do Alto Minho, que assinou em 2023 um protocolo para projetos conjuntos com a UMinho. Os municípios de Cerveira e Valença também mostraram interesse em investir na construção de um hangar local para a investigação da UMinho.
O aeródromo de Cerval é considerado um dos mais importantes da Península Ibérica, com cerca de sessenta aeronaves inscritas. Tem igualmente interesse histórico, pois em 1933 o pioneiro da aviação estado-unidense Charles Lindbergh ficou sem fuel no seu hidroavião Lockheed e fez uma amaragem forçada no rio Minho, em Friestas, Valença, que foi assim projetada na imprensa mundial.
Em 1997, foi erigido um monumento alusivo no local.