“Inóspita, desagradável, uma ilha de calor e poluição”. É nestes termos que o movimento SOS Árvores Braga descreve a Avenida dos Lusíadas, cinco anos após o abate de arvores naquela artéria da cidade.
Recordando que a 28 deste mês prestou uma homenagem às árvores abatidas cinco anos antes, o movimento diz, em nota à imprensa, que após esse “abate vergonhoso”, a avenida agora “é inóspita, desagradável, uma ilha de calor e poluição, que carece de uma nova intervenção para corrigir as deficiências que foram exacerbadas com a obra de 2020”.
O SOS Árvore sustenta que “podia e deve ser encontrada outra solução”, apostando na arborização e nas áreas verdes, moderando o trânsito automóvel, beneficiando as áreas pedonais e corrigindo as deficiências da ciclovia.
Salienta que a cobertura arbórea da cidade “permanece insuficiente, representando menos de 15% da área urbana consolidada, muito abaixo do recomendado pelas diretrizes internacionais de sustentabilidade urbana”.
“A arborização urbana não é apenas uma questão estética; trata-se de um investimento nos serviços dos ecossistemas, essenciais para o bem-estar coletivo, como o sequestro de carbono, a regulação da temperatura, o reforço da biodiversidade, a purificação do ar e o reforço da saúde pública”, defende o movimento.
Critica ainda a autarquia de não divulgar “metas claras de cobertura arbórea urbana nem dados atualizados sobre a sua evolução”.
O movimento cita diretrizes internacionais como as da American Forests que apontam para um objetivo sustentável de 40% de cobertura arbórea urbana, sendo aceitáveis valores de 15% a 25% em zonas densas do centro urbano.
Refere que também a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda um mínimo de 9 m² de área verde por habitante, o que inclui todos os espaços verdes, e não apenas árvores.
Face a estes dados, o SOS Árvore Braga conclui que “a ausência de métricas públicas e compromissos concretos nesse sentido deve ser motivo de preocupação e ação”.
A cidade de Braga não divulga atualmente metas claras de cobertura arbórea urbana nem dados atualizados sobre a sua evolução. No entanto, diretrizes internacionais como as da American Forests apontam para um objetivo sustentável de 40% de cobertura arbórea urbana, sendo aceitáveis valores de 15% a 25% em zonas densas do centro urbano. Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda um mínimo de 9 m² de área verde por habitante, o que inclui todos os espaços verdes (não apenas árvores). A ausência de métricas públicas e compromissos concretos nesse sentido deve ser motivo de preocupação e ação.
AVANÇO POSITIVO, MAS…
No entanto, reconhece que o Regulamento de Gestão do Arvoredo em Meio Urbano e dos Espaços Verdes do Município de Braga (Regulamento n.º 379/2025) representa um “avanço positivo” ao reconhecer os múltiplos serviços dos ecossistemas prestados pelas árvores e ao integrar princípios como a precaução, responsabilidade, participação cidadã e função ecológica do arvoredo.
“Contudo, o documento apresenta limitações na sua efetivação prática. Há uma lacuna entre os princípios formulados e a resposta institucional às iniciativas da sociedade civil”, acrescenta a nota.
Para o SOS Árvore Braga, o Regulamento” oferece uma boa base técnica e legal, mas será necessário um compromisso político mais firme e uma articulação mais eficaz com a comunidade para que os seus objetivos ambientais e sociais se materializem plenamente”, e adianta que nesse sentido, “fará diligências para que estas visitas guiadas venham a ser promovidas pelo próprio movimento”.
A homenagem serviu para lembrar que não teve qualquer resposta da Câmara face à proposta, remetida ao presidente do município, em maio passado, para que a autarquia promovesse visitas guiadas às árvores classificadas de interesse público e de interesse municipal.
“A falta de resposta revela uma desconexão entre os mecanismos de participação previstos no regulamento e a sua concretização. Além disso, o regulamento não apresenta metas quantificáveis para o aumento da área verde nem compromissos específicos quanto à reposição de cobertura arbórea perdida”, aponta a nota.
O movimento avança que a resposta do Gabinete de Apoio à Cultura ao pedido de informação, de 28 de maio passado, sobre o estado fitossanitário, de estabilidade biomecânica e risco de rutura das árvores do jardim do Museu dos Biscainhos, foi reencaminhado para a Museu e Monumentos de Portugal, EPE, no âmbito deste caso.
Fernando Gualtieri (CP 7889)