A embaixada da Rússia em Lisboa justificou esta terça-feira a decisão de rescindir um acordo militar assinado entre os dois países no ano 2000 com o apoio dado por Portugal “à guerra híbrida da União Europeia” contra Moscovo.
“Foi Portugal que deu início ao processo de rutura de laços, ao apoiar incondicionalmente a guerra híbrida da UE [União Europeia] contra o nosso país”, afirmou o adido de imprensa da embaixada da Rússia em Portugal, Aleksei Chekmarev, em declarações à agência Lusa.
O representante explicava a decisão, anunciada recentemente por Moscovo, de rescindir um acordo de cooperação militar com Portugal, assinado em 2000, ao mesmo tempo que revogou também acordos na área da Defesa com a França e o Canadá.
A decisão foi formalizada através de um decreto emitido pelo primeiro-ministro da Rússia, Mikhail Mishustin, na sexta-feira, citado pela agência de notícias oficial russa TASS.
O acordo em causa visava “a promoção da cooperação entre as partes no domínio militar para o aprofundamento da confiança mútua e da segurança internacional”, nomeadamente através da troca de opiniões e de informação sobre problemas político-militares, consultas sobre questões jurídicas ligadas ao serviço e ensino de militares em estabelecimentos de cada um dos países.
Segundo a embaixada russa, não está nenhum acordo bilateral em vigor neste momento. “As ações hostis das autoridades portuguesas paralisaram todo o sistema das nossas relações e afetaram também o quadro jurídico destas”, sublinhou o responsável russo.
“Nenhum dos documentos bilaterais funciona agora. Alguns foram denunciados pela parte russa, outros pela parte portuguesa, como, por exemplo, o protocolo de cooperação e amizade entre a cidade de Moscovo e a cidade de Lisboa, que vigorava desde 1997”, indicou.
Aleksei Chekmarev referia-se a um protocolo cuja rescisão foi aprovada pela Assembleia Municipal de Lisboa em fevereiro do ano passado, para exigir a retirada do exército da Federação Russa de território ucraniano.
A decisão de rescindir o acordo de cooperação militar “não é de natureza conjuntural e não foi motivada pelos acontecimentos recentes”, garantiu o adido de imprensa, alegando que foi uma “‘evolução’” das relações bilaterais nos últimos anos”.
A Rússia “reserva-se o direito de determinar as medidas a tomar


