A Rússia poderá conquistar uma área quase equivalente ao tamanho do Luxemburgo caso o plano de paz norte-americano para a Ucrânia seja concretizado, segundo um estudo divulgado esta sexta-feira e citado pela agência France-Presse (AFP).
O documento analisado pela AFP prevê, nomeadamente, a retirada do exército ucraniano de territórios que ainda controla, o que conduziria a um ganho líquido de cerca de 2300 quilómetros quadrados para Moscovo, ou seja, quase o tamanho do Luxemburgo (que tem cerca de 2590 quilómetros quadrados de área).
O estudo da responsabilidade do Instituto norte-americano para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla inglesa) e do Projeto de Ameaças Críticas (CTP, na sigla inglesa) indica que Kyiv teria de ceder cerca de cinco mil quilómetros quadrados sob o seu controlo na região de Donetsk, que seriam depois utilizados para criar uma zona tampão, e uma bolsa de 45 quilómetros quadrados na região de Lugansk.
Estas concessões incluem as principais cidades de Kramatorsk e Sloviansk.
Em troca, Moscovo devolveria à Ucrânia quase dois mil quilómetros quadrados que reivindica ou, pelo menos, controla parcialmente na região de Kharkiv, 450 quilómetros quadrados em Dnipropetrovsk, 300 em Sumy e 20 em Chernihiv.
O documento prevê também o reconhecimento da península da Crimeia, anexada por Moscovo em 2014, e das regiões de Donetsk e Lugansk como russas de facto.
Além disso, atribui à Rússia vastos territórios que esta controla atualmente nas regiões de Kherson e Zaporijia.
Em última análise, o plano proposto por Washington levaria a Ucrânia a ceder 20% do seu território, recuperando menos de 0,5%.
ZELENSKY RECUSA TRAIR PAÍS
Desde o início de novembro, o exército russo avançou cerca de 400 quilómetros quadrados no território ucraniano, a um ritmo mais rápido do que em setembro e outubro.
Em 20 de novembro, o exército russo controlava total ou parcialmente 19,3% do território ucraniano.
Cerca de 7% – Crimeia e partes do Donbass – já estavam sob controlo russo antes do início da invasão em fevereiro de 2022.
Esta sexta-feira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que se recusa a trair a nação e anunciou que vai propor alternativas ao plano dos Estados Unidos para o conflito com a Rússia.
“Apresentarei argumentos, persuadirei e proporei alternativas”, disse o líder ucraniano numa declaração por vídeo à nação, na qual sublinhou que não trairá o seu país.
Zelensky avisou que este “é um dos momentos mais difíceis e de maior pressão” da história da Ucrânia, que se confronta com “escolhas muito difíceis” face à proposta de 28 pontos do homólogo norte-americano, Donald Trump, recebida na quinta-feira por Kyiv.
“Ou perde a sua dignidade ou corre o risco de perder um aliado fundamental” declarou, referindo-se aos Estados Unidos, e acrescentando: “Ou 28 pontos difíceis ou um inverno extremamente complicado”.
Apesar de a Ucrânia não ter participado na elaboração do documento, Washington disse que estava a dialogar com Moscovo e Kyiv “por igual”.
A presidência russa indicou esta sexta-feira que ainda não recebeu oficialmente a proposta dos Estados Unidos, mas advertiu que o líder ucraniano deve negociar o fim da guerra, sob pena de perder mais territórios.






