Com o rearmamento da Europa na ordem do dia, a Riopele quer potenciar o seu conhecimento na produção de tecidos para o setor da defesa. A histórica têxtil de Famalicão, lidera um consórcio, do qual se destaca a presença do Citeve – Centro Tecnológico da Indústria Têxtil e de Vestuário, para o desenvolvimento de fardas militares.
A têxtil de Famalicão tem já em mãos “novos projetos de desenvolvimento de fardamento militar, orientados para uma nova geração de exigências técnicas”, revela Albertina Reis, diretora do grupo português.
Este novo ciclo de inovação será realizado em consórcio, destacando-se a presença do Citeve, também com sede em Famalicão, entre outras entidades tecnológicas e industriais. O objetivo é a investigação e desenvolvimento de estruturas têxteis avançadas com novos materiais, explica.
Como frisa Albertina Reis, a têxtil portuguesa tem uma longa tradição no desenvolvimento de tecidos técnicos para o setor da defesa, com aplicações nos diferentes ramos das Forças Armadas — Exército, Marinha e Força Aérea — tanto em Portugal como a nível internacional.
A Riopele já forneceu tecidos às Forças Armadas Belgas, de países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), à Polícia Militar Italiana e às Forças Armadas Portuguesas.
A têxtil foi responsável pelo desenho das estruturas dos tecidos e definição das cores e padrões de camuflado dos uniformes das Forças Armadas Portuguesas. Os tecidos foram concebidos para assegurar que cumpriam requisitos como resistência ao calor e à chama, impermeabilidade e capacidade de camuflagem multiterreno e near infrared (faixa do espectro eletromagnético), explica a diretora técnica e de materiais da têxtil.
Foi um projeto que também envolveu a criação de um consórcio, cujo arranque da atividade, em 2017, se iniciou com Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação da Academia Militar, ao qual se veio juntar o Citeve e a empresa de confeção Damel, para o processo de desenvolvimento da peça.
Os tecidos técnicos para o setor da defesa, um “segmento de elevada exigência técnica, sempre foi estratégico para a empresa, não só pela sua relevância em termos de performance funcional, mas também pelo forte contributo para a inovação tecnológica interna”, sublinha Albertina Reis.
DEFESA, OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO
Por sua vez, José Teixeira, CEO da Riopele, e Francisca Oliveira, diretora de Business Development do grupo, frisam ao DN que “o compromisso da UE em aumentar o investimento direto em defesa até aos 3,5% do PIB nos próximos 10 anos representa uma oportunidade de desenvolvimento técnico e de negócio”.
“Portugal tem competência técnica e industrial para ser um parceiro de excelência para os fardamentos e equipamentos de base têxtil” e a associação da Riopele, em consórcio, a empresas e centros tecnológicos “possibilitam a apresentação de uma solução inovadora, fiável e competitiva”, afirmam.
Os dois gestores consideram ainda “fundamental que a confidencialidade necessária numa área tão estratégica para o nosso espaço económico não seja posta em causa, desenvolvendo e comprando fora do mesmo”. Concluindo que, “pela Riopele, Portugal pode assegurar este fornecimento”.
Segundo os dois responsáveis, o peso no volume de negócios desta atividade “é ainda insipiente e não está na nossa estratégia que ultrapasse os 5% do volume de negócios no médio prazo”.
No ano passado, a Riopele registou vendas consolidadas de 98,5 milhões de euros.
Com DN