O candidato presidencial António Filipe criticou esta quarta-feira o Governo por não encontrar soluções para a falta de professores e alertou para as consequências do que considera ser um processo de “degradação” da escola pública no país.
“Apesar de o Governo procurar desvalorizar essa questão ela é muito relevante, é um número muito significativo dos nossos estudantes que começam sem aulas a várias disciplinas, precisamente por falta de professores, e que o Governo não tem encontrado solução para este problema”, disse, após um encontro com a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), em Lisboa.
O candidato às presidenciais apoiado pelo PCP disse partilhar com a organização sindical as preocupações manifestadas em relação ao início do ano letivo, em particular sobre a falta de professores.
António Filipe afirmou que vê com preocupação a “situação da escola pública”, alertando para um processo de “degradação” que é “suscetível de ter consequências muito graves relativamente ao futuro do país, porque põe em causa a qualificação necessária das futuras gerações para o país desenvolver-se”.
Na passada quinta-feira, a Fenprof afirmou, em audição parlamentar, que o ano letivo começou com seis mil alunos do 1.º Ciclo sem professor, que provavelmente vão ser distribuídos por outras turmas.
Os números foram avançados pelo secretário-geral da Fenprof, José Feliciano Costa, que confrontou os deputados sobre o risco de algumas disciplinas ficarem sem professores se nada for feito em tempo útil.
“Hoje estão ativos na contratação de escola mais de 1.300 horários, o que significa que não estão preenchidos”, acrescentou.
Esta terça-feira, sobre a falta de professores em algumas regiões do país, o ministro da Educação disse que o Governo está a colocar mais professores nas escolas, que estavam a fazer outras coisas e estão a voltar para preencher horários vagos.
“Tínhamos mais de dois mil professores que estavam em Câmaras Municipais, em imensas entidades e que eram precisos nas escolas. A regra que assumimos foi ‘quem é preciso na escola, volta para a escola’. (…) Se depois a pessoa, de facto, for precisa noutro serviço, a mobilidade é dada. Se não, a prioridade é dar aula, foi o critério que definimos”, enfatizou.