O presidente da Câmara do Porto defendeu esta segunda-feira que o Norte de Portugal e a Galiza devem continuar “a sensibilizar, em uníssono”, os governos de Portugal e Espanha para a importância estratégica da alta velocidade entre Porto e Vigo.
Rui Moreira considerou que as revindicações da eurorregião “são certamente mais audíveis e mais convincentes falando a uma só voz”.
O autarca independente do Porto entregou esta segunda-feira as Chaves da Cidade ao presidente da Junta de Galiza, Alfonso Rueda, numa cerimónia realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
Segundo Rui Moreira, este projeto da ligação de alta velocidade assume uma importância estratégica que “extravasa o âmbito regional e as circunstâncias da eurorregião”.
“Este projeto ferroviário também produz efeitos de arrastamento e externalidades positivas, quer no todo nacional dos dois países quer na própria União Europeia”, referiu.
Assim, sublinhou o autarca portuense, “a linha de alta velocidade Porto-Vigo deve ser encarada como um desígnio regional, mas também nacional e europeu”.
Em seu entender, a alta velocidade irá transformar a mobilidade no Eixo Atlântico, tornando-a mais “eficiente e sustentável”.
“O efeito imediato desta mobilidade será uma coesão regional e territorial e dessa coesão resultam, por seu turno, mais oportunidades de cooperação económica, investimento empresarial e relações comerciais”, acrescentou.
“FATOR CRÍTICO”
Resultam também “mais oportunidades de fluxo turístico, mobilidade laboral e abastecimento logístico, mais oportunidades de relacionamento social, cultural e académico e mais oportunidades de intercâmbio de talento, tecnologia e inovação”, disse.
“Em suma, a alta velocidade é um fator crítico de desenvolvimento regional, capaz de potenciar a competitividade das empresas, o bem-estar das populações e a qualidade do meio ambiente”, frisou Rui Moreira.
O presidente da Junta da Galiza afirmou que “não se pode esperar mais” e que a eurorregião “precisa e merece um comboio moderno, um comboio rápido, um comboio eficiente, que multiplique as oportunidades”.
PRAZOS REALISTAS
Em finais de fevereiro, o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, afirmou que a ligação ferroviária de alta velocidade entre Porto e Vigo fica concluída em 2032, fazendo com que o Norte de Portugal e a Galiza fiquem com “uma posição geoestratégica única”.
“Porto-Vigo [por alta velocidade] não é um estudo. É uma concretização. Vamos fazer o investimento e vamos concluir em 2032. E acreditamos que Espanha tenha então concluído o investimento do lado espanhol”, afirmou o ministro Miguel Pinto Luz, em Vigo, onde participou no encontro Conectando el Noroeste, promovido pela Confederação Empresarial de Pontevedra, e na qual participou também o presidente da Junta de Galiza, Alfonso Rueda Valenzuela.
Quanto aos prazos da alta velocidade Porto-Vigo, o ministro explicou que as ligações Braga-Valença e Campanhã-Aeroporto (Porto) terminam em 2032, o que permitirá a ligação entre o Porto e a fronteira de Valença.
A ligação Porto-Vigo prevê uma nova ligação ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro e um troço Braga-Valença (distrito de Viana do Castelo).
Esta segunda-feira, Alfonso Rueda defendeu também que devem ser fixados “prazos realistas que possam ser cumpridos”.
“Claro que, a partir da Galiza, estamos a tempo de exercer toda a influência” necessária à concretização deste projeto, disse o autarca galego, que chamou também a atenção para outros projetos específicos entre as duas regiões, designadamente o que se refere ao estatuto do trabalhador transfronteiriço.
Segundo Rueda, são cerca de “14 mil trabalhadores”, galegos e portugueses, que “criam economia nos grupos fronteiriços, que criam riqueza em toda a fronteira”, mas que continuam a defrontar-se com “obstáculos burocráticos e administrativos”.
Com Porto Canal