Michail Chkhikvishvili, um jovem de 22 anos da Geórgia, declarou-se culpado de incitar um outro homem a vestir-se de Pai Natal e entregar doces envenenados a crianças de minorias, nomeadamente judaica, nos Estados Unidos.
Michail chegou pela primeira vez ao país, mais concretamente a Brooklyn, em 2022. Líder de um grupo que adere à ideologia neo-Nazi, intitulado Maniac Murder Cult (Culto de Assassinos Maníacos, na tradução livre), começou a usar a aplicação Telegram para encorajar pessoas com opiniões semelhantes a cometer atos de violência em massa contra judeus e minorias étnicas.
A partir de novembro de 2023 começou a concentrar parte dos seus esforços numa pessoa em específico – um homem que era, na realidade, um agente infiltrado do FBI (agência federal de inteligência e segurança nos Estados Unidos) – incitando-o a atacar minorias com crimes violentos, incluindo fogo posto e atentados com bombas.
Segundo o Departamento da Justiça, citado pelo The Washington Post, Michail partilhou ainda com esse homem informações sobre uma mistura de venenos se gases letais, que pretendia usar para cometer os ataques.
O jovem georgiano, conhecido no seu círculo como Commander Butcher (Comandante Carniceiro, em português), terá também planeado um ataque em Nova Iorque para a véspera do Ano Novo em 2023. O plano envolvia uma pessoa que, vestida de Pai Natal, iria distribuir doces envenenados a crianças de minorias étnicas.
Michail terá enviado instruções detalhadas sobre como levar a cabo o ataque: o Pai Natal falso deveria procurar uma “grande barba”, “óculos” e “sobrancelhas brancas falsas”. No fim do ataque, deveria “queimar a roupa de Pai Natal e o equipamento”. Esta pessoa deveria ainda tentar atacar, principalmente, crianças judias com o veneno.
MÚLTIPOS ATAQUES
Os procuradores norte-americanos afirmam que o incitamento à violência de Michail resultou em “múltiplos ataques e mortes por todo o mundo”, do Tennessee à Turquia.
Aliás, nos últimos anos, nos últimos anos, Chkhikvishvili escreveu e distribuiu um manifesto intitulado Hater’s Handbook (em português, Manual do Odiador) aos membros do seu culto e outros interessados. O manifesto incitava os leitores a cometer atos de violência em massa, incluindo tiroteios em escolas – um problema comum nos Estados Unidos.
Michail acabou por ser detido em julho de 2024 na Moldávia, de onde foi depois extraditado para Nova Iorque para ser julgado pelos seus crimes.
Na segunda-feira, a procuradora-geral dos Estados Unidos, Pamela Bondi, elogiou o “excelente trabalho de investigação” que levou ao julgamento de Michail.
“Grupos violentos, niilistas [alguém que não acredita que a vida tenha sentido e rejeita valores morais], racistas como este são uma ameaça constante ao povo americano”, acrescentou Bondi.
Michail, que se declarou culpado por incitar a crimes de ódio, enfrenta uma pena que pode chegar aos 40 anos de prisão.






