A maioria das crianças e jovens vítimas de cyberbullying não procura ajuda dos adultos por medo ou vergonha, alerta a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), lançando um guia para pais e cuidadores sobre cyberbullying no qual apela ao diálogo.
A maioria das vítimas não procura ajuda dos mais próximos por receio do que possam vir a pensar e por receio de perderem o acesso às tecnologias digitais, afirma a OPP em comunicado divulgado, no qual recomenda a pais, mães e cuidadores a falarem com as crianças e jovens sobre ‘cyberbullying’.
A RTP adianta que são mais de 60 por cento das vítimas de bullying que não denuncia o agressor, e quem o faz demora, em média, 13 meses a fazer a denúncia.
Os psicólogos recordam que o ‘cyberbullying’ pode acontecer em qualquer local, a qualquer hora, de forma persistente, estando em risco qualquer criança e jovem a partir do momento em que têm um telemóvel, computador ou tablet sem supervisão.
No novo guia para pais e cuidadores, lançado esta segunda-feira, 20 de outubro, Dia Mundial de Combate ao Bullying, são enumerados alguns dos sinais de alerta, como mostrar tristeza, ansiedade ou perturbação durante ou após a utilização da internet, fazer da sua vida digital um segredo, isolar-se e evitar a família, amigos ou as atividades habituais e mostrar nervosismo e ansiedade quando surge uma mensagem.
Perante uma situação de ‘cyberbullying’, recomenda-se oferecer apoio e conforto, garantindo à criança/jovem que não tem culpa e recordando que não está sozinho e que vão encontrar uma solução juntos.
Deve ainda limitar-se o acesso à internet enquanto a situação não se resolve, denunciar e/ou bloquear o ‘cyberbully’, encorajar a não responder ao ‘cyberbullying’, mas guardar as mensagens/fotografias/interações que possam servir de evidências junto da escola ou mesmo da polícia.
Outras recomendações são procurar a ajuda da escola, junto do diretor de turma ou psicólogo da escola, contactar as autoridades e, caso as agressões forem graves (ameaças de violência, tentativas de chantagem/extorsão, incentivo à automutilação ou suicídio) deve contactar a PSP ou GNR — Escola Segura e a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da área de residência.
Para prevenir situações de cyberbullying os psicólogos recomendam que sejam estabelecidos regras e horários de utilização das tecnologias digitais, em função dos horários de aulas, estudo e lazer, e conhecido como a criança ou jovem ocupa o tempo online, mas respeitando a sua privacidade.
MITOS A DESFAZER
MITO: o bullying acaba por se resolver, são fases! É melhor ignorar.
FACTO: o bullying é um comportamento repetido. Ignorar o bullying pode dar ao bullie a ideia de que pode intimidar/bater/insultar sem consequências.
MITO: O bullying só acontece na escola.
FACTO: Apesar de ser mais frequente na escola, o bullying pode ocorrer em qualquer outro lugar (nos espaços circundantes, nos meios de transporte, em casa) e nas diferentes plataformas online.
MITO: O bullying acontece quando ninguém está a ver.
FACTO: A maioria dos incidentes de bullying acontece na presença de testemunhas.
MITO: Se alguém te intimida/bate/ insulta não há problema em intimidar/bater/insultar, para que a pessoa pare.
FACTO: É normal que o bullying nos faça sentir raiva, mas agredir alguém que nos agride não vai melhorar a situação e pode até piorá-la.
MITO: Os bullies nascem assim, com propensão para intimidar/bater/ insultar.
FACTO: O bullying não é uma identidade, mas antes um comportamento aprendido. Muitos factores (personalidade, família, escola) podem contribuir para que alguém se torne um bullie. Por vezes, os bullies agridem por já se terem sentido agredidos.”
MITO: Os bullies costumam ser rapazes.
FACTO: Quer os bullies, quer as suas vítimas, podem ser rapazes ou raparigas.
MITO: Por ocorrer online e não causar danos físicos, o ciberbullying é mais inofensivo.
FACTO: O ciberbullying é um comportamento grave, muitas vezes ocorrendo em anonimato e podendo chegar a uma maior audiência, e tem consequências tão graves quanto as do bullying.
MITO: Denunciar um bullie só piora as coisas.
FACTO: O bullying deve sempre ser denunciado. A denúncia pode fazer parar o bullying. É importante falarmos com alguém de confiança – pais e mães, professores/as ou psicólogos/as, podem ajudar-nos a acabar com o bullying.”
Com RTP e Expresso