O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou, esta quarta-feira, que tem “acompanhado permanentemente aquilo que se passa com os incêndios”, notando que houve um “agravamento da situação”.
“Quer o senhor primeiro-ministro, quer eu próprio, temos acompanhado permanentemente aquilo que se passa com os incêndios e todos temos a noção em Portugal que houve um agravamento da situação das condições meteorológicas nas últimas três semanas, no final de julho e início de agosto e que continua. É preciso dizer essa verdade aos portugueses”, começou por dizer, em declarações aos jornalistas à saída da sua reunião com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, em Faro.
Marcelo Rebelo de Sousa destacou ainda que as condições meteorológicas do país “são partilhadas” com outros países europeus, dando como exemplo Espanha.
“O que se passou agora mesmo, ontem [esta terça-feira] no Piodão e em Satão teve que ver com fenómenos de natureza excecional”, referiu, destacando um especialista que falou acerca disso e que “explica porque é que hoje essa é situação mais grave que está a ser combatida”.
E continuou: “De entre as mais de 50 ocorrências, o que se passa é que há um número limitado em que há evoluções positivas numas, há uma monitorização em outras e há esta que é particularmente preocupante”.
“Na base das previsões meteorológicas que comparando com todos os dias estes anos, não podemos prever o que se vai passar no final de agosto, que mais nos preocupa é sexta-feira que vem. É um dia particularmente preocupante porque há uma convergência de condições objetivas de natureza meteorológica e física que pode apontar para uma situação muito propícia à permanência e ao agravamento do ponto de vista de incêndios”, sublinhou.
O Presidente da República salientou que não se tem pronunciado, assim como o primeiro-ministro por duas razões: “Uma, porque têm respeitado aquilo que ficou definido desde 2017/2018 quanto à intervenção do poder político. Segundo, porque não querem agravar em termos de alarme para além daquilo que é verdadeiramente a situação que é reconhecida e tem determinado alerta prolongado até sexta-feira às 24h00, mas há aqui uma situação muito específico e complicada”.
Agradeceu ainda “a toda a estrutura de combate de resposta aos incêndios, pessoal autárquico, aos operacionais todos, o esforço exigido é uma brutalidade porque são dias e noites, dias e noites”.
SEM COMPARAÇÃO
Marcelo Rebelo de Sousa notou também que se tem feito uma comparação entre os incêndios de 2017 e os incêndios de este ano. “Não há comparação para já porque em 2017 apesar de haver uma estrutura de proteção civil não tinha o grau de coordenação, nem os bombeiros tinha o grau de capacidade que hoje têm, nem outras instituições fundamentais têm o grau de capacidade de resposta que hoje têm”.
“Quando não se compara não há comparação possível. Basta dizer que em junho houve várias dezenas de mortes num curto espaço de tempo comparando com estas últimas semanas e somando os incêndios de junho e de outubro temos mais de uma centena de mortos”, frisou.
E acrescentou: “Aqui, tem sido possível, até ao momento, preservar a vida humana e preservar, na medida do possível, as povoações, os bens materiais. E essa é uma das prioridades da intervenção do terreno em curso”.
O chefe de Estado enalteceu ainda o facto de os autarcas e candidatos autárquicos “resistirem à tentação” de usarem “o argumento dos incêndios” nas suas campanhas eleitorais.