O candidato à Presidência da República Henrique Gouveia e Melo confessou esta terça-feira que o mais o “aborreceu”, após ser conhecido que haveria uma suposta investigação que o envolvia, foi o facto de ter sido posta em causa a sua integridade.
“Eu não sou uma pessoa rica, não tenho nada de meu a não ser as coisas que eu sempre prezei ao longo da minha vida. Uma delas a integridade, a minha capacidade de entrega. Nos momentos certos, a coragem que tive de ter para enfrentar certas dificuldades”, afirmou. “E, portanto, quando essas coisas são postas em causa estão-me a atacar verdadeiramente o meu âmago enquanto pessoa”.
Gouveia e Melo, contudo, não deixou de questionar, num desabafo aos jornalistas numa visita Associação Luís Pereira da Motta, em Loures, a altura em que a notícia foi publicada.
“Um processo que tinha sido resolvido no Tribunal de Contas com uma recomendação sobre a forma como eram geridas as compras na Marinha […] de repente, aparece a 18 dias ou a 19 dias das eleições, como sendo eu o alvo da investigação”, comentou. “Quem é que fez isso?”
O candidato vai até mais longe, considerando que “houve uma tentativa de assassinato de caráter”, mas que “a população percebeu perfeitamente o que é que estava aqui em causa”.
“Houve uma tentativa de assassinato de caráter. Foi isso que aconteceu. Graças a Deus não tenho medo. A minha coragem em termos do que é o meu posicionamento é baseada na minha integridade. Não devo nada a ninguém, nunca devi nada a ninguém. Só tive um patrão e esse patrão foi o Estado português e os portugueses”, atirou.
E asseverou ainda: “Não tenho ninguém que se tenha esquecido de dizer se me tinha dado dinheiro ou se não me tinha dado dinheiro. E, por isso, é que esta investigação, esta suposta investigação sobre mim, me parecia um bocado abusiva. E, por isso, eu disse logo: ‘se alguém me investiga, por favor, que me chamem para eu depor'”.
Gouveia e Melo recordou que quando soube da notícia estava numa visita aos Açores, mas que prontamente se disponibilizou para “dar a cara e falar à comunicação social”. Aliás, “ontem cheguei dos Açores e fui ao canal da revista” que noticiou em primeira mão a investigação, a Sábado.
“Eu não me escondo atrás de nenhuma função, de nenhuma proteção, não sou opaco e não fujo às minhas respostas”, garantiu. “Tenho toda a disponibilidade para explicar tudo o que for necessário e não gosto de ver ninguém a fugir à transparência que é necessária”.
Na segunda-feira, a Sábado noticiou que Gouveia e Melo estava a ser investigado pelo Ministério Público (MP) devido a vários ajustes diretos aprovados pelo então comandante Naval da Marinha (entre 2017 e 2020).
A situação tinha já sido levada ao Tribunal de Contas, relativamente a eventuais infrações financeiras. Contudo, o processo ainda estará no departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Almada.
ALMIRANTE NÃO É ARGUIDO
Entretanto, já esta terça-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) esclareceu em comunicado que o almirante não é arguido no caso.
O candidato a Presidente da República já tinha garantido segunda-feira que não era arguido no caso, nem sequer tinha conhecimento do mesmo.
Gouveia e Melo mostrou-se de consciência tranquila com todas as tarefas que desempenhou na Marinha. “Nunca beneficiei ninguém”, assegurou aos jornalistas logo após a Sábado lançar a notícia.






