A Associação dos Criadores da Raça Cachena (ACRC) recebeu 56 toneladas de feno, 25 toneladas de silagem de erva e 19 toneladas de ração, doadas por diversas entidades, para ajudar a minimizar os prejuízos causados pelos incêndios que atingiram, em agosto, os concelhos de Ponte da Barca, Arcos de Valdevez e Terras de Bouro.
Segundo a associação, os alimentos recebidos garantem a alimentação do efetivo afetado durante cerca de um mês e meio. Estima-se que cerca de 360 animais adultos ficaram sem pasto disponível devido à devastação das áreas de montanha.
O apoio partiu de várias entidades, entre as quais a REN – Redes Energéticas Nacionais, a Ordem dos Médicos Veterinários (Região Norte), a Associação Portuguesa de Engenheiros Zootécnicos (APEZ), associações de agricultores e diversas empresas ligadas ao setor agropecuário, além de particulares.
A logística de distribuição está a cargo da ACRC, em parceria com a Câmara Municipal de Ponte da Barca e a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).
“A doação de ração e alimentação foi um gesto de solidariedade que ultrapassa o valor material — representa esperança, união e compromisso com o bem-estar das comunidades rurais”, afirmou Amândio Lago, presidente da ACRC.
Nos três concelhos mais afetados, a associação contabilizou 150 animais em Ponte da Barca, 120 em Terras de Bouro e 90 em Arcos de Valdevez. Cada vaca consome em média três quilos de ração por dia, além de fibra fornecida pelo feno, o que torna o apoio essencial para a subsistência imediata.
ORIGINÁRIA DO PNPG
Originária das serras do Alto Minho, no Parque Nacional da Peneda-Gerês, a raça Cachena é considerada uma das mais pequenas do mundo. Criada em regime de pastoreio livre e semisselvagem, desempenha um papel importante na preservação da biodiversidade e na manutenção cultural e ecológica da região.
Ameaçada de extinção no início da década de 1990, a raça recuperou graças ao trabalho da ACRC, fundada em 1993. Atualmente, existem cerca de 7200 fêmeas distribuídas por quase 900 explorações. A associação tem reforçado o processo de valorização da raça com estudos genómicos, exames de ADN e recolha de material genético.
Mais do que uma raça, a Cachena representa um património genético, cultural e social essencial para a identidade do Alto Minho, para a sustentabilidade agroecológica e para o desenvolvimento rural. A sua preservação, que combina tradição e inovação científica, permanece uma prioridade estratégica para assegurar a continuidade deste legado único.