O PS e o PCP pedem a Nuno Melo e Paulo Rangel para se explicaram no Parlamento sobre o trânsito de F-35 para Israel nas Lajes, mas o Livre e o Bloco pedem a demissão de Nuno Melo. Já Luís Montenegro desvaloriza o caso como um “erro processual” e acusa a oposição de estar “radicalizada”
José Luís Carneiro, líder do PS, considerou “grave” que o MNE assumisse ignorância sobre a escala dos caças nos Açores e quer ouvir o Governo no Parlamento: “O Grupo Parlamentar do Partido Socialista vai pedir para ouvir os dois ministros na Assembleia da República”, acompanhando assim o PCP, que já entregou dois requerimentos para os governantes serem ouvidos com urgência.
“As declarações que fez o ministro dos Negócios Estrangeiros devem impor esclarecimentos claros”, acrescentou José Luís Carneiro. “O que foi dito pelo MNE tem gravidade, ou seja, ele afirmou que não teve conhecimento de uma operação aérea que utilizou território nacional, e que não terá sido informado, como deveria ser, por parte do Ministério da Defesa Nacional” criticou o líder socialista, citado pelo Expresso.
O porta-voz do Livre, Rui Tavares, pede mesmo a demissão do ministro da Defesa, Nuno Melo, assim como Joana Mortágua do Bloco de Esquerda. O porta-voz do Livre considerou que “está lançada a baderna e a bandalheira no Governo”, com dois ministros “que não se entendem”.
A bloquista disse que ao deixar passar armas “para serem utilizadas no genocídio” na Faixa de Gaza, Portugal pode ficar “suscetível a acusações de cumplicidade em relação ao genocídio”, uma vez que tem um embargo quanto à venda de material militar a Israel.
RADICALIZAÇÃO
O primeiro-ministro também reagiu à notícia, desvalorizando o caso e considerando que a passagem de aviões F-35 vendidos pelos EUA a Israel foi um “erro processual” que não justifica as reações “radicalizadas” da oposição. “Lamento que tenha havido um erro processual que está neste momento identificado”, afirmou Montenegro, na Nazaré, à margem de uma ação de campanha eleitoral.
Falando em “aeronaves norte-americanas” – porque estas só se tornaram israelitas depois de entregues ao Estado comprador -, o primeiro-ministro garantiu que “a informação que tinha de ser transmitida entre ministérios decorreu normalmente”, pelo que a “falha de comunicação” foi já no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
“O que houve foi no MNE, um procedimento que não chegou ao conhecimento do ministro no tempo em que era necessário que tivesse ocorrido, e isso está assumido, e o senhor ministro está, aliás, a refletir sobre a mudança dos procedimentos internos para que situações destas não ocorram”, disse.
“Não percebo mesmo estas reações tão radicalizadas a pedir demissões de ministros, mas estamos em campanha eleitoral e, se calhar, é isso que explica”, afirmou ainda Montenegro, referindo-se às reações de vários partidos da oposição.
Com Expresso