Está em curso uma empreitada de valorização dos Caminhos de Santiago no concelho de Braga promovida pela Câmara Municipal. Um investimento superior a 120 mil euros que contempla limpeza, pavimentações, instalação de mobiliário de apoio, criação de passagem para peões e a instalação de sinalética temática, posicional, direccional, informativa e interpretativa.
Mais de 75 caminhos, ruas, travessas e avenidas de 15 freguesias estão a ser intervencionadas oferecendo mais segurança, comodidade e informação aos peregrinos que percorrem estes caminhos de peregrinação a Santiago de Compostela numa iniciativa de valorização deste importante património material e imaterial que une Braga a Santiago de Compostela.
INVESTIMENTO PRÓPRIO
Para Ricardo Rio, “este é um investimento que efectuamos com verbas próprias pois a valorização do Caminho de Santiago em Braga é um dos objectivos a atingir para darmos o exemplo a outros municípios da preservação, dinamização e promoção do Caminho Português a Santiago”
O presidente da Câmara garante o emprenho da autarquia “sobretudo em promover e sensibilizar as pessoas a iniciarem o Caminho em Braga, mas também valorizamos quem chega a Braga seja pelo antigo caminho central que vem do Porto por Escudeiros seja pelo caminho de Torres que se inicia em Salamanca e entra em Braga na Falperra”.
“O Caminho de Santiago é um património com importância religiosa cultural e turística que importa estimar e sustentar, onde Braga tem uma importância que queremos enaltecer com o foco de estreitar as ligações entre estes dois importantes centros políticos, religiosos e económicos que são Braga e Santiago de Compostela”, sublinha o autarca.
ARTICULAR INTERVENÇÕES
Recentemente realizou-se uma reunião entre a Câmara, representada pelo vereador Miguel Bandeira e António Barroso, adjunto do presidência e representantes das juntas de freguesia com o objectivo de articular as intervenções a efectuar no terreno, mas também para se prepararem futuras actividades de informação e sensibilização dos bracarenses para a causa jacobeia.
Fundamental também neste trabalho é a colaboração da associação nacional de peregrinos ‘Espaço Jacobeus’ sediada em Braga e quem tem sido um parceiro na valorização destes importantes caminhos de peregrinação.
CAMINHOS DE SANTIAGO
Sabe-se historicamente que a cidade de Braga foi local estratégico de passagem daqueles que rumavam a norte em peregrinação a Santiago de Compostela.
Sustentados em documentação e provas fossilizadas no terreno, bem como, na memória das populações actuais, pelo menos dois percursos se encontram testemunhados para se chegar à Sé Catedral bracarense, esta também objecto de peregrinação ou visita obrigatória para crentes.
Os que vindos de Sul, com passagem pelo Porto, chegavam a Braga, percorriam o caminho principal que, ainda hoje, atravessa longitudinalmente o território português. Este percurso, apoia-se directamente no traçado estabelecido pela antiga Via Romana XVI que, à época, ligava Bracara Augusta a Olissipo, posteriormente integrado nas Estradas Reais n.º 1 e n.º 2 e mantido até à actualidade sem alterações substanciais.
Com a construção, no decurso da Idade Média, da ponte sobre o rio Cávado, em Barcelos, este itinerário, que constituiu originalmente a principal rota do caminho português a Santiago de Compostela, iria ser preterido por um outro, que encurtando em distância permitia ao caminhante chegar, de um modo seguro, a Santiago de Compostela. Trata-se do actualmente denominado Caminho Central português.
Outro itinerário estratégico dos caminhos, que passando por Braga, se dirigiam a Santiago de Compostela, é aquele conhecido por ‘Caminho Torres’ e cujo nome homenageia D. Diego de Torres Villarroel que, em 1737, seguindo uma rota proveniente da região central ibérica, o documentou pormenorizadamente. Atravessando o território vimaranense, e entrando por sudeste em Braga, este percurso, à semelhança do anterior, assenta directamente em muitos dos segmentos de uma antiga via romana, a XIV do Itinerário Antoniano, que então ligava esta cidade à antiga Emérita Augusta, constituindo uma alternativa viável ao Caminho de Santiago da Prata.
A partir de Braga existiriam duas rotas possíveis, também com origem em traçados de vias romanas, a Via XIX (Braga/Astorga, com passagem por Ponte de Lima) percurso mais curto e mais seguro, e uma outra alternativa viável utilizando a Via XVIII ou via Nova (Braga Astorga, com passagem por Orense), este com um traçado mais sinuoso e acidentado.
FG (CP 1200)