O SalusLive comemora o seu 11.º aniversário, este sábado, com um encontro dedicado à promoção da saúde infantil e do bem-estar familiar, reunindo profissionais, famílias e especialistas de diversas áreas. As crianças portuguesas estão perto do colapso emocional refere aquele centro clínico intervenção pediátrica.
Entre estes especialistas participam na iniciativa, que se realiza na sede do centro clínico, na Rua dos Limoeiros, nº4, em Braga, o psicólogo Alfredo Leite e o neuropediatra Luís Borges.
Os dados que apontam para que o número de crianças com perturbações do neurodesenvolvimento, como défice de atenção, atrasos na linguagem, perturbações da coordenação motora e ansiedade precoce, estar a aumentar de “forma preocupante” em Portugal.
A nível nacional, por exemplo, aproximadamente 1 em cada 100 crianças na idade pré-escolar tem perturbações do espetro do autismo, um aumento considerável de casos diagnosticados nos últimos anos. O mesmo se sucede com crianças com perturbações de hiperatividade e défice de atenção, cujos valores rondam entre os 5% a 7% de casos em Portugal.
Estas são as razões que a SalusLive aponta para a realização do evento. “Queremos que este momento seja de partilha e reflexão, mas também de esperança”, diz a diretora clínica.
“Vamos falar da atualidade, da saúde mental das crianças, do desfralde, da seletividade alimentar e da importância do brincar e experienciar. A nossa missão é continuar a construir um futuro onde cada criança possa desenvolver-se com saúde, equilíbrio e felicidade”, sublinha Raquel Cunha.
ECRÃS, PRESSÃO E AUSÊNCIA
Segundo a equipa clínica da SalusLive, o uso excessivo dos ecrãs, a pressão escolar precoce e a falta de tempo familiar estão entre as principais causas deste fenómeno.
Cada vez mais, as crianças vivem em ambientes saturados de estímulos digitais, com ritmos que ultrapassam a sua capacidade de autorregulação e o resultado é visível: mais agitação psicomotora, regressões comportamentais, isolamento social e dificuldades de atenção e aprendizagem.
A pandemia veio agravar este cenário, eliminando momentos fundamentais de interação e socialização.
“As crianças perderam parte da infância e os pais, muitas vezes, perderam referências. O desafio agora é reconstruir o equilíbrio”, reforça a mesma responsável.
PAIS ATENTOS, MAS ANSIOSOS
Embora haja hoje uma maior literacia emocional e sensibilidade parental, verifica-se também uma avalanche de desinformação digital, o que justifica o alerta para o aumento do número de pais que recorrem primeiro à Internet em busca de respostas, o que pode atrasar diagnósticos e tratamentos adequados.
“A boa intenção dos pais é evidente, mas quando se substitui o acompanhamento clínico por conselhos de conteúdos que prometem soluções universais, criam-se expectativas irreais e riscos sérios para o desenvolvimento infantil”, explica Raquel Cunha.
ESCOLAS SEM RESPOSTA
Apesar dos avanços, as respostas públicas continuam insuficientes. Os tempos de espera prolongados e a falta de recursos nas escolas dificultam uma intervenção precoce e inclusiva.
A SalusLive defende “um reforço dos apoios em contexto escolar e a criação de medidas personalizadas para garantir a inclusão e o sucesso de todas as crianças — não apenas na escola, mas também na comunidade”.
“Queremos continuar a ser um espaço de referência, onde cada criança é vista como única e encontra oportunidades reais para crescer com saúde, equilíbrio e felicidade”, conclui Raquel Cunha.