Um apagão afetou, no sábado, várias cidades do departamento dos Alpes Marítimos, no oeste do país, especialmente Cannes, que acolheu na noite de sábado a cerimónia de encerramento do seu festival de cinema.
A falha de energia afetou 160 mil casas, mas não o palácio onde decorre o festival, que mudou para um sistema de fornecimento de energia independente, através de geradores.
As autoridades francesas estão a investigar as causas dos incidentes na rede elétrica, tendo descoberto ainda este sábado que três dos quatro pilares de um poste de alta tensão que abastece a cidade de Cannes “foram serrados” num “ato malicioso”.
Agora, “dois grupos de anarquistas anónimos” reivindicaram, “numa carta anónima”, a responsabilidade pelo ato, numa ação que tinha como objetivo “perturbar o festival” e “privar de energia todos os estabelecimentos industriais”, noticia o Le Parisien.
“Reivindicamos a responsabilidade pelo ataque às instalações elétricas na Côte d’Azur”, pode ler-se na missiva, que foi publicada num site, este domingo. É ainda possível ler que sabotaram “a principal subestação elétrica que abastece a área metropolitana de Cannes” e cortaram “a linha de 225 kV vinda de Nice”.
“Um ‘corta!’ inesperado num filme de terror mau que se arrasta. O mesmo cenário repetido e repetido até a exaustão. As cenas mudam, os efeitos especiais também, mas o cenário permanece o mesmo: um mundo que não vai parar de bombardear, explorar, extrair, acumular, violar, devastar, fazer passar fome, metralhar, poluir e exterminar até que tudo esteja sob o seu controlo”, escrevem.
Acrescentando ainda: “Não estamos num ‘set’ de filmagens, mas ‘corta!’ parecia resumir bem o nosso desejo: desligar este sistema mortal”,
O Ministério Público abriu uma investigação sobre o incidente. “A credibilidade desta alegação será avaliada como parte da investigação”, confirmou Patrice Camberou, promotor público de Draguignan, ao Le Parisien.