A reunião desta segunda-feira na Câmara Municipal de Lisboa ficou marcada pela tragédia do elevador da Glória. Interrompida para análise das propostas entregues pelos vereadores para próximos passos no caso do acidente, acabou sem Carlos Moedas na sala.
Antes da pausa, Carlos Moedas “abandonou a reunião”, acusa o vereador socialista Pedro Anastácio, apesar do vice-presidente da Câmara, Filipe Anacoreta Correia, ter informado, segundo o ECO, que Moedas saiu para se encontrar com a ministra da Saúde a propósito da visita a feridos hospitalizados.
Carlos Moedas participou, segundo afirma, por sua vez Já o vereador do Livre Rui Tavares afirma que Moedas participou “no primeiro ponto, que tinha a ver com a ratificação do luto municipal”, efetuou depois “uma declaração mais genérica” e “não fez nem perguntas ao presidente do Conselho de Administração da Carris, nem esteve já nessa parte das perguntas” feitas ao presidente do conselho de administração da Carris.
Na reunião, assegura Rui Tavares, o presidente do conselho de administração da Carris, Pedro Bogas, terá dito a propósito do elevador que a companhia considerava o elevador da Glória “seguríssimo”.
Tavares saliente que “nem foi seguro, foi o superlativo que foi utilizado”. E, prossegue Tavares nas declarações aos jornalistas à saída da reunião, o presidente da Carris terá acrescentado: “Estamos incrédulos com o que aconteceu.”
Para o vereador do Livre, “isto significa que há matéria de segurança que não está a ser seguida como deve ser pela Câmara Municipal de Lisboa”. “Lamento que o senhor presidente de Câmara não tenha ficado nesta reunião para, na primeira ocasião que teve de discutir com o Executivo da cidade de Lisboa, para discutir mais profundamente”, acrescentou.
O socialista Pedro Anastácio acusa Carlos Moedas de ser, ao longo do mandato, “pouco presente nas reuniões de Câmara”. “É o momento mais trágico em 60 anos na cidade de Lisboa”, pelo que “o que tinha de fazer era estar na reunião e devia ter feito esta convocatória antes”.
CÂMARA FALHOU
Entre os vários partidos, o PCP pretende analisar a passagem da manutenção de novo para dentro da própria estrutura da Carris, acabando com a entrega do serviço a privados.
Para o PS, a questão não está tanto na externalização, mas se a manutenção “é segura e dá confiança a todas as pessoas que utilizam a infraestrutura. É este o quadro da avaliação da manutenção”, defende Pedro Anastácio.
Já o líder do Livre Rui Tavares entende que o relatório não permite “chegar a conclusões definitivas”, mas possibilita “alguma exclusão de partes”. Tavares considera que as “consequências políticas têm de ser apuradas”. “Há responsabilidade, o que no nosso entendimento é diferente de culpa, a apurar”, diz.
Por outro lado, o vereador do Cidadãos por Lisboa Rui Franco considera que “Carlos Moedas entendeu no tom que apresentou na entrevista na televisão [SIC] passar ao ataque num momento em que toda a oposição tinha tido muito cuidado com não misturar a avaliação crítica e perspetiva daquilo que se passou com o momento de honrar as vítimas”.
Franco diz que “este escrutínio começa, terá que ser feito” e que a Câmara “falhou” na responsabilidade de ter o equipamento aberto ao público em condições de segurança. “Todos os procedimentos que eram ou não feitos são da inteira e exclusiva responsabilidade do município de Lisboa e o que este colapso”, acusa o vereador.
Do lado do PS de Lisboa, acusa-se ainda o presidente da Câmara de ter desrespeitado a memória do ex-ministro Jorge Coelho quando se referiu ao caso da queda da ponte de Entre-os-Rios. “É inaceitável que um presidente da Câmara Municipal de Lisboa esteja disponível para atacar a memória de uma pessoa falecida para tentar apagar a sua responsabilidade”.
PROPOSTAS DE MOEDAS
Do lado do Executivo, a coligação que governa a capital apresentou várias propostas, entre as quais a atribuição do nome do guarda-freio André Marques a uma rua ou espaço público, e ainda que a Carris crie uma bolsa de estudo para os descendentes “para assegurar os respetivos estudos” e a atribuição à viúva e descendentes do trabalhador de uma pensão de sobrevivência.
A Carris deverá ainda batizar um elétrico articulado com o nome de André Marques. Entre outras medidas, Moedas quer ainda que se construa um memorial coletivo às vítimas do acidente, coincidindo com uma das medidas apresentadas pelo PS na sexta-feira.
Com ECO