A Associação Empresarial de Braga (AEB) alertou, esta segunda-feira, para o impacto da “especulação imobiliária” no comércio tradicional no centro histórico da cidade que, apesar do encerramento de alguns encerramentos continua a ser “um espaço vibrante, com forte identidade comercial e cultural”.
Em comunicado, o presidente da AEB, aponta como exemplos de “uma pressão especulativa” que ameaça a diversidade comercial” as rendas “entre sete e oito mil euros mensais” na cidade, nomeadamente na rua do Souto.
“Este é o maior entrave ao desenvolvimento do comércio no centro histórico de Braga. A especulação imobiliária está a afastar comerciantes e a limitar a renovação do tecido comercial”, diz Daniel Vilaça, referindo o “encerramento pontual de algumas lojas comerciais de marcas reconhecidas” no centro.
Mesmo, a associação, o líder da AEB reafirma “a vitalidade” do comércio no centro histórico, sublinhando que “a narrativa de decadência” que” circula não corresponde à realidade”.
“O centro histórico de Braga continua a ser um espaço vibrante, com forte identidade comercial e cultural, assumindo-se como um verdadeiro património vivo”, diz no comunicado.
“O centro histórico de Braga é um património vivo, marcado pela maior zona pedonal do país e por uma dinâmica urbana onde tradição, comércio, cultura e vida social se cruzam diariamente”, afirma, pelo que “o encerramento de algumas lojas não pode ser analisado de forma isolada, sob pena de gerar perceções negativas que ignoram o contexto mais amplo”.
Contudo, Vilaça reconhece que “o comércio enfrenta desafios sérios, identificando o aumento contínuo das rendas comerciais como o principal fator de pressão sobre a diversidade e a sustentabilidade das lojas no coração da cidade”.
ENFRENTAR DESAFIOS
Para enfrentar os desafios, Daniel Vilaça explica que a AEB tem trabalhado em “estreita articulação com a Câmara de Braga, apresentando “propostas concretas” que visam “reforçar a atratividade” do centro, “apoiar os comerciantes e promover a renovação do tecido comercial”.
Lembra que os desafios enfrentados pelo comércio tradicional não são exclusivos de Braga.
Sustenta que “a mudança dos hábitos de consumo, o crescimento do comércio online e a reestruturação estratégica de grandes marcas são fenómenos globais que afetam centros históricos em todo o mundo”.
“Não podemos vender hoje como vendíamos há 10 ou 20 anos”, reforça, sublinhando que “a adaptação e a inovação são essenciais para garantir a competitividade do comércio local”.
Entre as medidas em cima da mesa destacam-se o programa de estacionamento gratuito durante duas horas para compras superiores a 20 euros, incentivando a circulação de clientes; a promoção de uma campanha regional de meios da marca ‘Centro Braga – Soa a Comércio com História’, com o objetivo de reforçar a identidade do centro histórico e do seu comércio e atrair mais consumidores; a aposta reforçada na dinamização de eventos culturais, experiências gastronómicas e rotas temáticas, que aumentem o fluxo de visitantes e prolonguem o tempo de permanência no centro.
A promoção de um programa de empreendedorismo no comércio, orientado para a criação de novos negócios, atração de conceitos diferenciadores e apoio à sucessão empresarial; e a criação de um sistema de incentivos municipais para a modernização das lojas históricas, permitindo preservar a identidade do comércio tradicional, ao mesmo tempo que se promove a sua adaptação às novas exigências dos consumidores, são outras medidas.
Daniel Vilaça lembra que Braga dispõe de vários parques de estacionamento no próprio centro da cidade, o que considera “uma vantagem competitiva relevante”.
“O facto de termos estacionamento mesmo no coração da cidade torna o centro histórico mais atrativo, mais cómodo e de muito mais fácil acesso para quem quer fazer compras ou simplesmente usufruir da cidade”, frisa.
COMSUMIDOR ESSENCIAL
Daniel Vilaça faz questão de valorizar o papel dos comerciantes bracarenses, que considera “um dos maiores trunfos da cidade”. “Braga tem todas as condições para oferecer um comércio com alma, personalidade e identidade própria. Isso deve-se aos nossos comerciantes, que são criativos, resilientes e capazes de se reinventar”, refere, apontando vários exemplos de sucesso.
O presidente da AEB sublinha igualmente o papel “decisivo” dos consumidores, lembrando que “Cada compra feita no comércio local contribui para manter empregos, fortalecer a economia e preservar a dinâmica social e cultural da cidade, apelando ao “papel decisivo” do consumidor e à união entre comerciantes, instituições e consumidores.
“Em vez de alimentarmos narrativas negativas, precisamos de trabalhar juntos”, sublinha.
“O centro histórico de Braga não está em declínio, mas sim num processo de transformação. Os desafios são reais — sobretudo ao nível das rendas —, mas existem soluções em curso e uma forte vontade de adaptação por parte dos comerciantes. O futuro do centro depende de políticas públicas inteligentes, da capacidade de inovação do comércio local e do compromisso coletivo de todos os bracarenses e visitantes”, conclui.
Fernando Gualtieri (CP 7889)






