O histórico socialista Eurico Figueiredo morreu este sábado, aos 86 anos. O político estava internado no Hospital de Santo António, no Porto, há alguns dias na sequência de complicações relacionadas com gripe A.
Militante do PS desde agosto de 1974, Eurico Figueiredo desvinculou-se do partido em 1999, em discordância com a linha seguida pelo partido sob a direção de António Guterres.
Antes de se filiar no PS, foi militante do Partido Comunista Português (PCP) desde os 18 anos, abandonando o partido no mesmo dia de 1967 em que as tropas russas entraram na Checoslováquia, como forma de protesto.
Ao longo da sua carreira, recorda o Diário de Notícias, Eurico Figueiredo exerceu funções como deputado à Assembleia da República em diferentes legislaturas.
Ainda durante a ditadura, foi preso três vezes pela PIDE, por breves períodos, tendo sido forçado ao exílio em 1965. Fugiu para a Suíça, onde viveu até 1976, desenvolvendo a partir daquele país uma intensa atividade política em ligação com Portugal, nomeadamente com Jorge Sampaio, Manuel Alegre e Piteira Santos.
Nascido em Vila Real em 1939, foi autor do relatório da Assembleia da República sobre a regionalização publicado em 1997, processo durante o qual se distinguiu pela defesa da identidade transmontana e da integridade do Douro.
Foi professor catedrático de Psiquiatria e Saúde Pública no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto, sendo reconhecido como uma figura central no ensino e desenvolvimento desta especialidade médica em Portugal.
Pelo seu papel no combate à ditadura e pelo contributo cívico ao país, Eurico Figueiredo foi condecorado em 1997 pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
PS: “REFERÊNCIA POLÍTICA INCONTORNÁVEL”
O PS lamentou a morte do antigo deputado e ex-dirigente do partido Eurico Figueiredo, recordando a sua luta antifascista e considerando-o “uma referência política incontornável para todos os socialistas”.
“O Partido Socialista manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento de Eurico Figueiredo, militante do PS desde 1974, onde desempenhou vários cargos dirigentes e foi deputado à Assembleia da República”, refere o partido numa nota enviada às redações.
Segundo o partido, “Eurico Figueiredo foi uma grande figura da democracia portuguesa e a sua vida constituiu um exemplo de tenacidade, de combatividade e de convicções, mas também de uma imensa generosidade”.
“A melhor homenagem que lhe prestaremos será mesmo a continuação do combate por um país mais justo, mais coeso e solidário. Eurico Figueiredo é e será uma referência política incontornável para todos os socialistas”, elogia, apresentando sentidas condolências à família.
O PS refere ainda que o histórico socialista foi um “destacado resistente antifascista, desde logo quando, com apenas 18 anos, foi um ativo participante na campanha presidencial de Humberto Delgado”.
“Viria a ter um papel notável nos movimentos estudantis, quer em Lisboa, quer em Coimbra, que combateram o regime, em particular nas greves académicas de 1962”, recorda.
“Eurico Figueiredo, psiquiatra reconhecido, foi também um grande defensor da região Trás-os-Montes e da identidade duriense, de onde era natural (Vila Real, 1939). Foi ainda um precursor político em matérias como a defesa do ambiente, lutando pela sua inclusão na agenda política”, pode ler-se ainda.
MARCELO: “LUTADOR PELA DEMOCRACIA
O Presidente da República lamentou este sábado a morte de Eurico de Figueiredo, que recordou como um “grande lutador pela liberdade e pela democracia”, através de nota publicada no site da Presidência da República.
“O Presidente da República recebeu, com muita consternação, a notícia do falecimento de um grande lutador pela Liberdade e pela Democracia, de uma verticalidade e de uma independência sem limite, Eurico de Figueiredo”, refere a nota.
Marcelo Rebelo de Sousa apresentou condolências à sua família, amigos e ao PS, demonstrando “profundo pesar por uma perda de alcance nacional”.
Com RTP e CNN Portugal






