Dezenas de repórteres deixaram o Pentágono, depois de recusarem assinar um novo conjunto de regras impostas pelo secretário da Defesa dos EUA, Pete Hegseth, que limita severamente o trabalho da imprensa. Os jornalistas devolveram os crachás de acesso e saíram juntos do edifício às 16h00, o prazo dado pelo Departamento de Defesa.
As novas normas determinam que qualquer jornalista que publique informações não aprovadas previamente por Pete Hegseth — sejam ou não classificadas — poderá ser expulso do Pentágono.
Em resposta a este tipo de censura, praticamente todos os grandes meios de comunicação norte-americanos, incluindo The New York Times, The Washington Post, CBS, ABC, The Wall Street Journal, Fox News e The Associated Press, decidiram rejeitar as condições e abandonar o edifício.
Muitos dos repórteres esperaram para sair juntos à hora limite das 16h00, estabelecida pelo Departamento de Defesa para abandonar o edifício. À medida que a hora se aproximava, caixas com documentos alinhavam um corredor do Pentágono e os repórteres transportavam cadeiras, uma fotocopiadora, livros e fotografias antigas para o parque de estacionamento, vindos de espaços de trabalho subitamente abandonados.
Pouco depois das 16h00, cerca de 40 a 50 jornalistas saíram em conjunto, depois de entregarem os crachás.
CONTROLAR IMPRENSA
O presidente Donald Trump apoiou publicamente a medida, afirmando que Hegseth apenas tenta “controlar uma imprensa muito desonesta e disruptiva”. Pete Hegseth, ex-apresentador da Fox News, já tinha começado a restringir o acesso de repórteres e limitado as informações divulgadas.
Os jornalistas acusam o Governo de querer “alimentar a imprensa com informação controlada”, o que “não é jornalismo”, nas palavras do general reformado Jack Keane, também antigo comentador da Fox News.
Nancy Youssef, repórter da The Atlantic no Pentágono desde 2007, afirmou que a decisão de sair “é triste, mas motivo de orgulho”, sublinhando que “assinar regras que proíbem pedir informação é abdicar de ser jornalista”.
Apesar do afastamento físico, repórteres como Youssef, Heather Mongilio (USNI News) e Tom Bowman (NPR) prometeram continuar a cobrir as forças armadas “a partir de fora”. Bowman alertou que, sem jornalistas a fazer perguntas, o Pentágono dependerá de “vídeos polidos e posts em redes sociais — o que não é suficiente para uma democracia”.
A Pentagon Press Association, que representa 101 jornalistas de 56 meios de comunicação, rejeitou unanimemente as novas regras.
Apenas a One America News Network (OANN) aceitou assiná-las, uma decisão vista como tentativa de garantir maior proximidade ao Governo Trump.
Com MadreMedia