O embaixador de Israel em Portugal, Oren Rosenblat, recusou-se a comentar diretamente a polémica em torno das aeronaves norte-americanas que fizeram escala na base das Lajes, nos Açores, a caminho de Israel. Confrontado com o tema, o diplomata descreveu-o como “um assunto um pouco secreto” e “delicado” que envolve Portugal, os Estados Unidos e Israel.
“São assuntos de caças, e esse assunto é um pouco secreto entre os governos de Israel, EUA e Portugal. Prefiro não falar sobre isso”, afirmou Rosenblat em entrevista à CNN Portugal.
O embaixador foi questionado sobre imagens e notícias que circularam na imprensa nacional e internacional, dando conta da operação que levou até a averiguações ministeriais em Lisboa. Perante a insistência sobre se a escala confirmaria uma colaboração direta do Estado português com Israel, limitou-se a responder: “Prefiro não falar sobre assuntos de segurança delicados.”
“Lamento que tenha havido um erro processual no início, quando a questão foi suscitada ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, que está neste momento identificado e não há mais nada a dizer sobre isso, porque tudo o resto foi uma tramitação perfeitamente normal”, declarou o chefe do Governo.
Montenegro rejeitou ainda as críticas da oposição, que exigiram responsabilidades políticas, incluindo pedidos de demissão do ministro da Defesa. “Não entendo reações tão radicalizadas. Era o que faltava que o Governo encarasse decisões normais com esse tipo de espírito. Estamos em campanha eleitoral e isso também ajuda a explicar”, defendeu.
O CASO
O caso remonta a 22 de abril, quando três aeronaves norte-americanas, em rota para Israel, fizeram escala na base das Lajes sem comunicação prévia ao Governo português. Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), chefiado por Paulo Rangel, tratou-se de uma “falha de procedimento”.
De acordo com o comunicado divulgado pelo MNE, a operação contou com “comunicação e autorização tácita (isto é, por decurso do prazo respetivo)”, e tinha já parecer favorável da Autoridade Aeronáutica Nacional (AAN), que depende do Ministério da Defesa Nacional, liderado por Nuno Melo.
O Governo frisou que a escala e sobrevoo “não significam que tenha sido estritamente violado o compromisso assumido pelo Ministério ou pelo Governo” relativamente ao embargo decretado por Lisboa sobre a venda de armas e passagem de material militar destinado a Israel.
Montenegro confirmou ainda que Paulo Rangel está “a refletir sobre a mudança dos procedimentos internos para que situações destas não ocorram novamente”, apontando que a única falha concreta foi a transmissão de “uma primeira informação que não era completamente exata a um jornal que, por acaso, até nem era português”.
Com Executive Digest