O Governo de Itália lançou esta terça-feira um “último apelo” à Flotilha Global Sumud para que interrompa a sua viagem rumo à Faixa de Gaza e aceite alguma das “soluções alternativas” propostas por Israel.
O apelo surge depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado, segunda-feira, um plano de paz de 20 pontos para pôr fim ao conflito entre Israel e o Hamas e após três membros egípcios da organização da flotilha terem sido detidos de madrugada no Cairo e em paradeiro desconhecido
Em Roma, o ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, defendeu que o plano de Trump possa dar resposta aos “numerosos problemas” no terreno, o que implicaria “não haver necessidade” de “entrar em contacto” com o bloqueio naval imposto por Israel sobre a Faixa, evitando assim “riscos” que considerou já não estarem justificados.
O Governo de Giorgia Meloni, que destacou dois navios militares para uma eventual missão de resgate (um regressa hoje a Itália), tem defendido em várias declarações que a flotilha atraque em portos alternativos para fazer chegar a ajuda.
O ministro italiano acrescentou ainda que, se “o objetivo último” da flotilha for “provocar uma reação israelita”, as autoridades italianas continuarão a trabalhar para que “os acontecimentos subsequentes” sejam geridos “sem violência e com o menor risco possível para todos”, numa aparente alusão a uma eventual interceção dos navios.
Crosetto reconheceu que a ajuda humanitária atualmente autorizada por Israel para Gaza “é insuficiente face às dramáticas necessidades” da população palestiniana, pelo que manifestou esperança de que, se houver uma “trégua” graças ao plano de Trump, possam ser abertas “novas e antigas vias para aliviar o sofrimento”.
A Flotilha Global Sumud, que transporta ajuda para Gaza, vai entrar esta terça-feira à noite na zona de risco israelita, encontrando-se, ao fim da manhã, a 200 milhas náuticas (cerca de 370 quilómetros) da costa de Gaza, tal como indicou Tony La Piccirella, um dos ativistas italianos a bordo da flotilha, que considerou o plano de Trump “uma farsa”.
TRÊS DETIDOS
No Cairo, e em declarações à agência noticiosa espanhola EFE o coordenador-geral da equipa egípcia da missão, Khaled Basiouny, deu conta de que três elementos da organização egípcia da flotilha foram detidos e estão em paradeiro desconhecido.
“Dois elementos do comité de preparação saíram [da sede] e desapareceram, mas testemunhas disseram que foram detidos” à saída da sede da flotilha, situada no bairro de Dokki, no centro do Cairo, relatou, acrescentando que, mais tarde, foi detido um terceiro membro.
Basiouny afirmou não haver “qualquer motivo claro” para a detenção e lembrou que há 25 dias que estão a trabalhar e que enviaram cartas a todas as autoridades oficiais competentes para as informar da atividade e pedir as autorizações necessárias.
“Por isso, não sabemos a razão da detenção”, disse, acrescentando que os advogados estão a tentar localizar os membros em esquadras, tribunais e procuradorias.