A criação de um corredor cultural entre o Norte e Castela e Leão (Espanha) foi candidatada a um financiamento superior a 1,4 milhões de euros, revelou esta segunda-feira à Lusa a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
Além da CCDR-N e da Junta de Castela e Leão, o projeto envolve os municípios de Braga, Terras de Bouro, Vila Pouca de Aguiar, Chaves e Zamora, a VALSOUSA – Associação de Municípios do Vale do Sousa e a Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes, entre outros.
Um roteiro do românico, um roteiro literário e um roteiro romano que, do lado português, envolve Braga Romana, a Geira Romana de Terras de Bouro, o museu das Termas Romanas de Chaves e o Complexo Mineiro Romano de Tresminas, em Vila Pouca de Aguiar integram o património deste “projeto vencedor”, adiantou o vice-presidente da CCDR-N, Jorge Sobrado.
Este “primeiro projeto europeu cultural conjunto” entre as duas regiões serviu de ponto de “aproximação” entre o Norte e Castela e Leão, levando ao “primeiro encontro de alto nível entre o Norte e Castela e Leão em 16 anos”, agendado para terça-feira no Porto, observou Jorge Sobrado.
A sessão Plenária da Comunidade de Trabalho Norte de Portugal – Castilla y León (CT NORCyL) arranca às 10h30 e inclui a apresentação de uma posição conjunta sobre o futuro da Política de Coesão da União Europeia, “sublinhando o papel estratégico e determinante das regiões de fronteira na construção do próximo projeto europeu”, indica a CCDRN na nota de agenda.
PROJETOS CONJUNTOS
Quanto ao roteiro NORCyL, Sobrado esclarece que a dimensão literária passa pelos escritores que, estando situados dos dois lados da fronteira, “tiveram correspondência literária ou pessoal”, como é o caso do português Teixeira de Pascoaes e do espanhol Miguel de Unamuno.
Para além disso, será elaborado um plano de cogestão e valorização conjunta da antiga exploração romana de ouro a céu aberto de Las Medulas (Espanha) e as antigas minas de Tresminas, nomeadamente tendo em vista a obtenção do selo UNESCO, explicou o vice-presidente.
Está também planeada uma ação conjunta sobre arte rupestre, entre o Vale do Côa e Siega Verde, uma zona arqueológica declarada Património Mundial em 2010 como extensão do Vale do Côa.
A intenção, com todas estas vertentes, é “criar um corredor cultural transfronteiriço, potenciando os vínculos históricos, culturais e patrimoniais entre o Norte de Portugal e Castela e Leão”, descreve a CCDR-N.
Por outro lado, pretende-se reforçar “a cooperação transfronteiriça e valorizar o património cultural — romano, românico, paisagístico, literário, simbólico e da UNESCO — promovendo o turismo sustentável, a coesão territorial e a construção de uma identidade cultural partilhada”.
O projeto “inclui a realização de ações-piloto, itinerários patrimoniais, valorização de património material e imaterial, promoção da literatura e das artes e iniciativas conjuntas de comunicação e divulgação”.
O consórcio de cerca de 15 entidades envolvido na candidatura é liderado pela Fundação Rei Afonso Henriques, uma entidade luso-espanhola criada há mais de 30 anos pela CCDR-N e a Junta de Castela e Leão, com sede em Zamora e filial em Bragança.