Um jovem refugiado sírio, de 19 anos, está a ser descrito como um “herói” após ter imobilizado a mulher que levou a cabo um ataque, que deixou 18 pessoas feridas, na Estação Central de Hamburgo, na Alemanha, na passada sexta-feira.
De acordo com a imprensa alemã, Muhammad Al Muhammad estava a caminho de casa em Buchholz, a 25 quilómetros de Hamburgo, depois de ter visitado um amigo na cidade. Quando estava na plataforma à espera do comboio, viu uma mulher com uma faca na mão e várias pessoas a fugir.
“Decidi correr na outra direção e parar a mulher”, disse o jovem sírio à revista alemã Der Spiegel. Enquanto corria, outro homem deu um pontapé no joelho da mulher, fazendo-a cair.
“Segurei-a [no chão] e pressionei as mãos dela contra a mochila para que não se pudesse levantar”, disse Muhammad. “A mulher não gritou, não resistiu”.
Antes de regressar a casa, o jovem sírio ainda foi interrogado pela polícia.
“Agradeceram-me e compraram-me um cappuccino. Isso deixou-me muito feliz”, contou.
Num artigo de opinião no jornal Die Tageszeitung, a jornalista e comentadora polícia Gilda Sahebi considerou que, numa altura em que a extrema-direita alemã tenta ligar imigração a criminalidade, partilhar a história de Muhammad é “crucial”.
Muhammad é originário de perto de Alepo, na Síria, e chegou à Alemanha como refugiado em 2022.
“Somos tentados a dizer: ‘Estão a ver? Um árabe – o seu nome é Maomé, nada menos – é um herói!” escreveu Sahebi.
“O debate político e público está agora tão impregnado de toxicidade racista, espalhada por um partido de extrema-direita e pelos seus influenciadores nos meios de comunicação social e nas redes sociais, mas também por atores políticos e mediáticos democráticos, que é necessário contar a história de Muhammad Al Muhammad”, acrescentou.
Na sexta-feira, a mulher foi detida como alegada autora do esfaqueamento que fez 18 feridos, alguns deles com gravidade, num ataque sem motivação política. A investigação aponta o estado psicológico instável da mulher como a causa do ataque.
A autora do ataque foi identificada pela imprensa como sendo Lídia S. e, de acordo com o jornal Bild, tinha tido alta de uma clínica psiquiátrica na véspera do ataque.
Por ordem judicial, de acordo com o jornal, a mulher detida, que já está sob investigação por outro incidente violento em que atacou um menor no aeroporto de Hamburgo, está atualmente numa clínica.