O exército israelita anunciou esta madrugada que tinha iniciou “ataques em grande escala” em Gaza, no quadro das “fases iniciais” da intensificação planeada da sua ofensiva no território palestiniano devastado pela guerra.
“No último dia, o exército israelita lançou ataques em grande escala e transferiu forças para assumir o controlo de áreas da Faixa de Gaza. Isto faz parte das fases iniciais da Operação Carruagens de Gideão e da expansão da ofensiva na Faixa de Gaza, com o objetivo de alcançar todos os objetivos da guerra, incluindo a libertação dos reféns e a derrota do Hamas”, anunciou o exército israelita nas redes sociais.
Uma centena de palestinianos foram mortos na sexta-feira durante os intensos bombardeamentos israelitas em Gaza, segundo as equipas de socorro.
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, afirmou esta sexta-feira que “esta última vaga de bombardeamentos, que obrigou as pessoas a se deslocarem sob a ameaça de ataques ainda mais intensos, a destruição metódica de bairros inteiros e a recusa de ajuda humanitária sublinham que parece haver um impulso para uma mudança demográfica permanente em Gaza, que (…) equivale a uma limpeza étnica”.
O chefe do Governo israelita, Benjamin Netanyahu, que considera que só o aumento da pressão militar poderá obrigar o Hamas a libertar os reféns, anunciou na passada segunda-feira a intensificação da ofensiva em Gaza para “derrotar” o Hamas, que tomou o poder no território palestiniano em 2007.
GUTERRES “ALARMADO”
António Guterres confessou estar “alarmado com os planos de Israel”, que este sábado anunciou a expansão dos seus ataques no enclave palestiniano, e defendeu a necessidade de aplicar uma solução de dois Estados para o conflito israelo-árabe, um caminho que qualificou como “imperativo”, embora tenha também reconhecido que está “distante”.
“O mundo, a região e, acima de tudo, os povos da Palestina e de Israel não podem dar-se ao luxo de ver a solução de dois Estados desaparecer diante dos seus olhos. Este objetivo nunca foi tão imperativo, mas infelizmente também parece mais distante”, afirmou.
Guterres aguarda com expectativa a “importante oportunidade” de uma conferência de alto nível sobre o conflito, prevista para junho e copresidida pela França e pela Arábia Saudita.
O secretário-geral da ONU condenou o ataque “atroz” do Hamas de 7 de outubro de 2023, mas advertiu que “nada pode justificar a punição coletiva do povo palestiniano”. Apelou para “um cessar-fogo permanente, agora”, para a libertação incondicional dos reféns e para a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Mostrando-se preocupado com as notícias sobre os planos israelitas para expandir as operações militares terrestres, António Guterres reiterou que “as Nações Unidas não participarão em qualquer operação dita humanitária” controlada pelos militares.
Guterres também rejeitou o deslocamento “repetido” da população da Faixa de Gaza.
“Obviamente rejeitamos qualquer deslocamento forçado para fora de Gaza”, disse, condenando a “anexação ilegal” e os “assentamentos ilegais” na Cisjordânia.