A ONG Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD) considera que morte de José Pedro Alves da Silva, português baleado na sexta-feira em Maputo, é “sintoma de um Estado que perdeu controlo da segurança pública”.
“A morte de José Pedro Silva não é um acaso isolado. É o sintoma de um Estado que perdeu o controlo da segurança pública e que, pior ainda, insiste em priorizar o controlo das vozes críticas, enquanto os cidadãos são abatidos, extorquidos e sequestrados em plena luz do dia”, lê-se no Boletim do CDD distribuído este sábado.
José Pedro Alves da Silva perdeu a vida após ser baleado no peito dentro da sua viatura por desconhecidos, que seguiam num outro carro de marca BMW, por volta das 13h00 (menos uma em Lisboa) na cidade da Matola, arredores da capital moçambicana.
A polícia moçambicana disse, na sexta-feira, que o português foi vítima de uma tentativa de roubo, avançando que a vítima trazia consigo somas de dinheiro.
“Tudo indica que houve uma tentativa frustrada de roubo, que acabou culminando com este óbito (…) Nós descartamos a possibilidade de se tratar de uma tentativa de rapto, pelo ´modus operandi'”, declarou Cláudio Armando, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na província de Maputo.
Para o CDD, trata-se de mais um caso que revela a “violência consome Moçambique” , numa altura em que os raptos estão entre os principais desafios de segurança pública no país africano.
“Este país está a falhar clamorosamente. As ruas são hoje dominadas pelo medo, as famílias, sobretudo os empresários que são as principais vítimas dos raptores, vivem aterrorizadas”, disse.
“E as cidades tornaram-se campos de caça para redes criminosas que atuam com descarada impunidade”, lê-se ainda no comunicado da organização, que pede uma investigação célere e a responsabilização dos autores do crime.
Os primeiros dados da investigação indicam que José Pedro Alves da Silva foi atingido por bala disparada por uma pistola, mas as autoridades admitem não dispor de “muitos detalhes sobre os autores do disparo”.
“Já encetamos as nossas linhas operativas para identificar e neutralizar os indivíduos envolvidos neste crime bárbaro”, disse à Lusa o porta-voz da polícia moçambicana.
A vítima perdeu a vida a caminho do Hospital José Macamo, na capital moçambicana, Maputo. Era administrador da “SOTUBOS”, uma conhecida empresa de venda de tubos e material de construção, propriedade do pai, que está em Portugal.
José Pedro Alves da Silva era filho do antigo presidente do Sporting de Braga Alberto Silva, que em 2019 foi nomeado embaixador do clube para a África Austral.
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